8.8.07

GUINÉ-BISSAU VENDE DOMÍNIO INTERNET

O domínio .GW, até aqui pertença do Estado guineense, foi vendido. A melhor imagem da globalização está contida neste negócio: uma rica empresa norte-americana, com sede em Lisboa, que procura sócios pelo mundo e que divulga informação em francês consegue comprar a ciber-identidade de um pobre país africano. O caso não é o primeiro e não será decerto o último. Os países que hoje vendem os seus domínios um dia hão-de chorar por eles.

A propósito, alguém me sabe avançar os números do negócio? Só para saber, a partir deste exemplo, quanto vale um país.

4 comentários:

Fernando Ribeiro disse...

Parece-me que os domínios que foram atribuídos a países por acordo internacional não lhes podem ser tirados assim sem mais nem menos, mesmo que andem muitos dólares em jogo.

Lembro que diversos estados insulares do Pacífico também fizeram contratos de venda ou aluguer ou o que quer que seja, dos seus domínios com empresas norte-americanas e não se têm dado nada mal com isso. Trata-se de estados aos quais foram atribuídos domínios que se tornaram muito apetecidos e acabaram por ser usados aos milhares e milhares por esse mundo fora. Alguns exemplos: .FM - Federação da Micronésia; .TV - Tuvalu; .VU - Vanuatu; .NU -Niue; .TO - Tonga.

Estes estados são verdadeiramente minúsculos e, por isso, não têm meios nem capacidade para tirar partido comercial dos domínios que lhes calharam. Uma empresa bem posicionada no mercado internacional poderá fazer isso por eles, actuando de acordo com os moldes que tiverem sido negociados entre ela e eles.

Duma forma geral, parece-me que estes estados recebem uma percentagem do dinheiro resultante do negócio da venda de endereços e de alojamento de páginas gerido pelas tais empresas. Um dos estados (não me lembro de qual deles) chega a disponibilizar gratuitamente a Internet a todos os seus habitantes, à conta da dita percentagem, e ainda sobra dinheiro.

O que não me parece é que o domínio .GW (aonde é que foram buscar o W?) seja muito apetecido, mas um marketing bem enjorcado, às vezes, até consegue convencer as pessoas.

ana v. disse...

Jorge,

Bom regresso ao batente, e espero que as férias tenham sido boas. Mas o Africanidades faz falta!
Nomeei-o para o prémio "5 estrelas da blogosfera", uma absoluta futilidade perante os graves problemas que aqui leio, mas é o meu modestíssimo contributo (e o único que está ao meu alcance, para já) de chamar a atenção de mais leitores para este blog e, consequentemente, para a denúncia dessas situações de injustiça.
Parabéns pela coragem e pela frontalidade, coisas que vão rareando cada vez mais.

Abraço
Ana

Anónimo disse...

Meu caro Jorge
Na Guiné-Bissau não faltará muito tempo para começarmos "vender as nossas mães". Infelizmente a minha morreu há um quarto de século.

Anónimo disse...

É mais uma acção mafiosa que veio ao lume. Caso deste nosso país sempre foi assim... Negociam e vendem propriedades do País para seus interesses...É essa geração Ninista Mafiosa... Depois la veem pessoas a defende-los... Enquanto esta geração maldigna Ninista continuar no aparelho de estado Guineense, teremos mais casos deste.