1.6.08

RAZÕES DA VERGONHA

Concordo em absoluto com a posição da jornalista da RR, Graça Franco, sobre a atitude de um governante luso, que mentiu relativamente à segurança de Jean-Pierre Bemba, exilado em Portugal.

Diz Graça Franco:

"Podem existir mil boas razões para Portugal ter acolhido no seu território o ex-vice-presidente congolês Jean-Pierre Bemba(...) Podem existir outras mil boas razões para o Estado português lhe ter concedido protecção, através do Corpo de Segurança Pessoal da PSP(...) O que não existe é nenhuma boa razão para mentir aos portugueses sobre esta questão.

Dizer, como fez o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que o senhor Bemba pagava de seu bolso a segurança própria, para virmos a saber, no dia seguinte, e através da própria PSP, que a protecção concedida ao ex-dirigente congolês era oficial, tinha aval do Ministério da Administração Interna e era paga por todos nós, faz-nos apenas supor que nos estão a tentar enganar e Portugal tem algo a esconder neste processo."


Parto destas palavras de Graça Franco para levantar a questão do pagamento de exílios no rectângulo ibérico a ex-governantes. Nino Vieira, por exemplo, viveu desde Maio de 1999 até Abril de 2005 às custas do Estado português. Recebeu, durante esse período, 800 contos/4000€ mensais, pagos por todos os contribuintes. Nunca Portugal divulgou este dado. Conheci-o pela boca do principal assessor do actual presidente guineene, no 5º andar do Bissau Hotel, a 9 de Abril de 2005, dois dias depois do regresso do general à Guiné-Bissau. O assessor acrescentava ainda na altura que a subvenção não era digna/suficiente para um ex-presidente.

Não coloco em causa o que, e quanto, paga Portugal a pessoas como Jean-Pierre Bemba, Nino Vieira, Luís Cabral e outros antigos dirigentes africanos exilados em Portugal. No entanto, seria interessante que essas decisões do poder central fossem divulgadas publicamente. Por uma questão de clareza e de forma a que se percebesse o que passa pela cabeça (qual o interesse) dos senhores do Terreiro do Paço ao aceitar receber e financiar exíios dourados em Portugal.

1 comentário:

septuagenário disse...

Quem escreve assim não é gago.

Mas não esquecer, que são os ventos da história, e contra isso...!

Claro que uns africanos vão de avião, outros vão de canoa via Canárias.!