14.9.06

Estória de uma viagem de ida BEDUM POR DOIS DIAS

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No restaurante Diamant Souss come-se a melhor cabra do Sahara Ocidental. O local foi-me imposto na primeira viagem terrestre que fiz entre Bissau e Lisboa. Fica numa pequena vila piscatória, de nome impronunciável, antes de Tam-Tam (para quem vem de sul).

Neste território ocupado por Marrocos, as estradas são longas e as viagens compridas. Entre as principais cidades é comum fazerem-se 500 ou mais quilómetros. No interior dos autocarros que percorrem este país ao sul de Marrocos dorme-se, sobretudo. De duas em duas horas faz-se uma paragem, para que os passageiros possam satisfazer todas as suas necessidades fisiológicas, incluindo comer e beber. Estas paragens têm localidades definidas. E dentro delas, os motoristas dos autocarros escolhem os restaurantes onde encostam os seus monstros de 4 rodas.

Fui numa dessas paragens, madrugada dentro, que o Diamant Souss me foi imposto pelos chaufers da CTM (a melhor e mais segura companhia de transporte para se viajar nas assassinas estradas marroquinas).

No exterior do restaurante, as 18 caçarolas de barro exalavam um odor de fazer crescer água na boca aos deuses. Ao lado, numa grelha, pedaços de carne de cabra cintilavam sobre as brasas. Indeciso entre as duas distintas formas de comer o animal, decidi-me pelo grelhado. A aventura começou aí.

Solicito, o "chef" apontou-me os dois bichos pendurados num janelo ao lado da grelha. Através de um francês arabiado consegui perceber que as cabras expostas aguardavam que clientes com fome escolhessem a parte mais suculenta, que seria cortada na hora. Foi o que fiz.

No Diamant Souss os talheres não fazem parte da mobília. A cabra estava deliciosa, não nego. O bedum entranhado nas mãos o resto da viagem é que não me agradou tanto. No Diamant Souss a casa de banho não tem sabão!

A última vez que por ali passei de boleia nos autocarros dos CTM tornei a parar. Fui cumprimentar o "chef" e tornei a pedir cabra grelhada. O ritual repetiu-se: escolhi a parte do bicho directamente da sua carcaça; aguardei que grelhassem a chicha… Quando chegou a hora de comer saquei do bolso um garfo e um canivete. Não é que me importe de comer à mão, agora cheirar a bedum…

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