19.1.08

CARNAVAL FORA DE TEMPO

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Por estes dias há uma folia, um Carnaval antecipado, nas ruas de Conakry. O CAN (Campeonato Africano das Nações em futebol) ainda não começou. O Sily National (Elefante Nacional), ainda não jogou. Mas a festa já dura há 10 dias.

10 longos dias em que, 24 sobre 24 horas, a música não cessa de tocar nas grandes colunas instaladas à porta das habitações e nos pequenos bares espalhados um pouco por toda a cidade. Velhos e novos dançam dia e noite frente a estas discotecas improvisadas ao ar livre. A poeira eleva-se no ar e dá à cidade um ar caduco e deprimente, embora festivo. Embaladas pelo som, crianças passeiam-se, meneando-se também elas, de apito de plástico na boca, sempre a soprar e a fazer barulho. Adolescentes, trajados a rigor, oferecem a quem passa de carro tiras e galhardetes com as cores nacionais por 500 francos, 8 cêntimos de Euro. E camisolas de vários tipos, bonés, equipamento completo, fitas para o cabelo, porta-chaves, bandeiras, bandeirinhas e bandeironas da selecção… Pode não haver dinheiro para comer, mas há dinheiro para apoiar o “Elefante Nacional”. A conta bancária criada para o efeito, aliás, encaixou o equivalente a 150 mil dólares americanos doados pelos guineenses nas últimas semanas.

O futebol faz, por estes dias, esquecer que um diferendo entre Presidente e primeiro-ministro pode rasteirar de novo a precária estabilidade do país. Talvez no dia em que o CAN termine, os milhares de apitos que agora se ouvem na boca das crianças, 24 sobre 24 horas, não sejam para foliar, mas para assinalar todos os penalties e foras-de-jogo cometidos pelos políticos guineenses.

Coragem Elefante. E boa sorte.

ADENDA: O CAN arranca amanhã, dia 20, no Gana. Guiné e Gana darão o pontapé de saída. Angola é a única equipa lusófona representada.

1 comentário:

African Queen disse...

O carnaval do futebol a desviar as atenções do povo... onde é que já vimos isto :)? E se fosse o futebol o único ópio a iludir as almas... mas há mais, muito mais. O que não faltam são falsos carnavais a sobreporem-se aos circos políticos em África, como em Portugal.