8.3.07

DO CASAMANÇA AO CACHEU

Saindo do Casamança...
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Entrando no Cacheu (e seus canais)...

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2 comentários:

EL SENSEI disse...

WOW!
UN DIA TENGO QUE VIAJAR A ESOS LUGARES...

ESTOY ENAMORADO DE AFRICA!!

Luís Graça disse...

Revisito de tempos a tempos o teu/nosso Africanidades, as tuas vivências, imagens e relatos sobre o grande continente África visto, sentido, cheirado, apalpado, (red)escrito, fotografado, amado por um grande português do pós-império, meridional, global...

Olha, em troca, deixo-te aqui um poema, uma lengalenga que um dia ouvi a um barqueiro do Geba. Não sei fula, nem mandinga, nem balanta. Mas a língua dos barqueiros não difere de rio para rio, do Geba ao Tejo, e até ao rio da nossa aldeia.

Ao Jorge e ao todos os portugueses errantes, de ontem, de hoje e de amanhã. A todos os barqueiros do mundo. E, por fim, ao senhor barqueiro de Caronte para que, quando nos levar,de vez, na sua barca, nos leve com cuidado, com jeito, não já a gente... acordar.

Conto(s) do barqueiro do Geba


Um homem passa o rio,
a nado.
Um homem atravessa a ponte
sobre o rio.
Um homem cai ao rio,
baleado.

Há uma piroga
no tarrafo.
Metralhada.
E flamingos brancos,
tingidos de vermelho.

Um homem pensa na jigajoga
da vida e da morte.
Um homem olha-se ao espelho.
Um homem porfia,
e nem sempre alcança.
Um homem tem uma crise,
de confiança.

Um homem do norte
camba o rio.
A sul.
A vau.
O Geba Estreito.
Que a última coisa a perder
é a esperança.

Um homem desenha uma ponte,
imaginária,
entre dois pontos de cambança.
Um homem põe-se a pau,
a caminho do Mato Cão.
O inferno em frente,
o rio serpente,
e Lisboa ali tão longe,
tão azul,
tão gregária.
Lisboa, o cais
de Alcântara,
uma multidão de pontos negros,
outra ponte,
outro rio,
saudades a mais.
Um nó na garganta.

Um homem do norte
faz o corte
epistemológico
dos pré-conceitos etnocêntricos.
Quem sou eu ?
O homem é o mal escatológico
que atravessa o céu
de bronze.
O homem é o jagudi
em voos concêntricos.
O homem é a hiena que ri.
O homem é o pássaro-bombardeiro.
O animal alado.
O helicanhão.
O falo de fogo.
O obus catorze.
O RPG Sete.

Um homem é apanhado pelo macaréu
da história.
Apanhado como um cão.
Sem glória.
E na bolanha de Finete
descobre que não há ponte
nem salvação,
que há terra e céu,
mas não há elo de ligação.
E que perdeu a memória.

O barqueiro faz contas
à vida
que custa manga de patacão.
O barqueiro conta um conto.
O barqueiro de Caronte.
Um peso, irmão.

Um homem exorta o soldado
a que leve a guerra a peito.
É o capitão,
medalhado,
que irá chegar a oficial general.
O fantasma do capitão-diabo,
vagueando pelo Cuor.
Estatuado,
na capital.

Vou no Bissau
no barco da Gouveia.
Aproveito a maré-cheia
e o cacimbo sobre Ponta Varela.

O milícia, número tal,
vai morrer,
exangue,
como a última estrela
da manhã.
E eu espreito da minha torre de Babel.

Um terceiro homem pára,
no semáforo.
Vermelho,
de sangue.
A caminho de Madina/Belel.

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2007/03/guin-6374-p1598-contos-do-barqueiro-do.html