12.1.07

Lisboa-Dacar2007: Situação humanitária do povo saraui à beira da catástrofe-CPPC

Notícia LUSA

A situação humanitária nos campos de refugiados saarauis está à beira de uma catástrofe porque a ajuda não está a chegar, afirmou hoje Sandra Benfica do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), em Lisboa.

A responsável do CPPC, que falava em Lisboa a propósito da passagem hoje do rali Lisboa - Dacar pelo território ocupado do Saara Ocidental, defendeu que o povo saaraui está votado ao esquecimento e instou a comunidade internacional a respeitar a auto-determinação dos saarauis determinada pela ONU que passa pela realização do referendo.

O representante da Frente Polisário em Portugal, Mohamed Lamin Abdelabe, também considerou que a situação nos campos de refugiados é "muito grave" devido à falta de alimentos base, como o açúcar e a farinha, e defendeu que a comunidade internacional não pressiona suficientemente Marrocos.

Em relação aos territórios ocupados por Marrocos há mais de 30 anos, Mohamed Lamin Abdelabe afirmou que os saarauis que ainda ali residem vivem em clima de "grande repressão".

Quarta-feira, o Crescente Vermelho Saaraui lançou um "apelo urgente" à comunidade internacional para que evite a situação de "fome iminente" que se vive nos campos de refugiados saarauis, perto de Tindouf, no sudoeste da Argélia.

Em comunicado assinado pelo presidente da organização, Bouhobeini Yahia, o Crescente Vermelho Saaraui afirma que "terminaram em Outubro as últimas reservas de alimentos de primeira necessidade destinadas aos refugiados e que, desde então, apenas chegou uma parte reduzida da ajuda, insuficiente para a população dos acampamentos".

Nos campos de Tindouf vivem cerca de 200 mil saarauis.

2 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente a nossa imprensa, como é seu hábito, continua a apresentar o problema do Sara em sintonia com o politicamente correcto da esquerda folclórica, sem o mínimo desejo de informar e o máximo de condicionar.

Entrevista-se uma activista saraui, convidada na altura certa, claro, pelos conhecidos Miguel Portas e Ana Gomes e, em grossas letras, fala-se de masmorras, de prisões arbitrárias, da alarmante situação dos direitos humanos, tudo, claro, culpa desse Marrocos desumano

O facto da Argélia ter tido sempre regimes autoritários que durante dezenas de anos foram revolucionários defensores da revolução socialista africana que queriam exportar, ter atacado Marrocos em 1963, ter sob sua protecção, desde sempre, a Frente Polisário que arma e controla, podia ter feito pensar os media.


Mas não, a posição politicamente correcta geralmente seguida é a de, acriticamente, aceitar como verdade o mito simplório do colonialismo visto da esquerda: um país, um movimento de libertação e um país ocupante opressor. Neste caso, o país é o Sara Ocidental, três vezes maior que Portugal, com escassos 250.000 habitantes e muitas tribos nómadas que nunca pensaram em fronteiras, o movimento de libertação é a Frente Polisário, que nunca disparou um tiro contra os ocupantes espanhóis e tem o seu comando e santuário na Argélia e o país opressor é Marrocos, está bem de ver, mesmo que sempre tenha exercido soberania sobre este território!

Os jornais bem pensantes, de referência, exprimem a opinião da moda.

Sobre o drama Saraui, as sua origens, o papel da Argélia na criação tardia da Polisário, as razões marroquinas quanto à soberania do território, quase nada se encontra de isento e verdadeiro na maior parte da nossa imprensa.

É o politicamente correcto em todo seu esplendor!

Nem uma dúvida, nem uma hesitação!

Já ano passado, perante uma série de falsidades ingenuamente veiculadas pela imprensa, escrevi três artigos neste canto que " O Primeiro da Janeiro"me concede e que, porque mantêm a actualidade e a necessidade não resisto a relembrar no essencial.

Ao menos, volto a desabafar, face a tanta má-fé.

O problema do Sara Ocidental é muito complexo e antigo.

Começa em 1885, quando os Grandes do Mundo se reúnem em Berlim e decidem dividir entre si os territórios africanos que eles consideravam territórios sem dono, (Terra Nullius).

Foi nessa conferência atribuída a Espanha uma zona do sul do Sara, considerada Terra Nullius e que a Espanha administrou desde então, apesar de, desde sempre, Marrocos ter demonstrado que o território era marroquino e que nunca tinha sido terra abandonada, como aliás, quase cem anos depois, foi reconhecido pelo Tribunal Internacional de Justiça de Haia ( Avis consultatif du 16/10/75 sur le Sahara Ocidental & 94, pp. 43-44).


A posição de Marrocos sempre foi a de não reconhecimento de outra soberania sobre esses territórios que não a marroquina, demonstrada por inúmeras acções, actos administrativos, luta armada logo a seguir à decisão de Berlim ( levantamento do Cheikh Ma El Ainin, por exemplo) e por todos os inúmeros documentos diplomáticos de reconhecimento da soberania marroquina.

Finalmente, a soberania de Marrocos foi confirmada e, pelo Acordo de Madrid de 14 de Novembro de 1975, assinado por Espanha, Mauritânia e Marrocos, o Sara Ocidental foi entregue aos dois países de origem ( dois terços para Marrocos e um terço para a Mauritânia)

Mas entretanto, a Frente Polisário, criada em 1973 sob a protecção e bênção da Argélia, consegue o seu reconhecimento pela OUA (Organização de Unidade Africana) e trava uma "guerra de independência" que a Argélia apoia com todo o interesse, porque isso lhe poderá dar uma passagem para o mar ao sul de Marrocos e lhe permitirá cercar completamente o território marroquino, através de um país mais ou menos seu súbdito e afilhado.

Em 1991 uma proposta de Xavier de Cuellar, aprovada no Conselho de Segurança (Resolução 6909) propõe a realização de um referendo e a manutenção da paz por um órgão da ONU, o MINURSO, que, aliás, foi, mais tarde, chefiado por dois generais portugueses.

Esse referendo apesar dos esforços da ONU, nunca chegou a ser feito por impossibilidade de acordo quanto aos cadernos eleitorais e é isso que leva o Conselho de Segurança a mudar de estratégia e votar negociações directas.

É a actual resolução 1754.

É evidente que em semelhante clima os dramas pessoais envolvendo inocentes, sinceros militantes pacíficos e populações inocentes são imensos.

Será o caso da activista que nos visita, como é o dos prisioneiros marroquinos há mais de 23 anos nas "masmorras" da Polisário, ou o dos milhares de refugiados inocentes que sofrem nos campos de refugiados de Tindouf à espera de Godot.

Por isso é que é necessário resolver por negociações, como o Conselho de Segurança concluiu, aquilo que nunca será possível resolver pela guerra, que apenas aumentaria o sofrimento.

E negociação significa cedências onde tal seja possível e determinante.

E Marrocos fê-las.

A sua proposta aí está, tornando possível um futuro de paz e de normal desenvolvimento para a região Saraui, ultrapassando um referendo impossível por uma população não recenseável.

Falta agora a Argélia e a Polisário moderarem os extremos e negociarem.

E a nós, falta-nos, e muito, uma imprensa mais rigorosa na informação e menos activista na sedução!


 

Anónimo disse...

Toas as informações actualizadas diariamente sobre o Sara Marroquino:
http://www.corcas.com/Default.aspx?alias=www.corcas.com/pt