28.6.07

EM RITMO DE FERIAS

AFRICANIDADES entra em ritmo de ferias. Nao de calcoes e chinelos, mas de casaco e gola alta. Vamos ali e ja voltamos!

25.6.07

TRÊS SONS

O ano ("trabalhístico") aproxima-se do fim. Com ele as rotinas de sempre: arrumar e rasgar papéis, organizar arquivos...

Passando os ouvidos pelos arquivos sonoros, sobressaem, entre muitos, estes três. Três ficheiros que são o paradigma desta terra, repleta de tudo o que há de melhor e pior à face do planeta. De silêncios bons e ruídos maus. De tristezas choradas e alegrias cantadas.


O som das kalash... continua a ecoar por África (Sudão, Somália e outros territórios mártires.


O silêncio da noite é, para mim, dos prazeres supremos das viagens por esta terra. Ouvir apenas aquilo que me querem dar os bichos que a meu lado dormem.


A alegria da vida é estranha para nós, vindos do norte do mundo. Qual o segredo de ser feliz sem nada?

PONTE DE JOÃO LANDIM PASSA A SER PAGA

As autoridades guineenses preparam-se para instalar uma portagem na ponte de João Landim. A casinhota já lá está, exemplo do ronco com que alguns dirigentes deste país gostam de viver: painéis solares à japonesa, cancela à europeia, preço à portuguesa (enorme!), quiçá ar condicionado para manter o humor dos portageiros em alta!...

Enquanto europeu (que também ajudei a pagar aquela ponte) sinto-me no direito de me indignar por mais esta atitude usurpadora por parte do Estado guineense. Instalar uma portagem numa obra que não custou um "peso" é abuso.

A indignação que aqui expresso nem é tanto por mim. Felizmente posso pagar os cerca de 2.000 XOF (3 Euros e pouco) de portagem que a comissão de sábios técnicos se prepara para indicar. Preocupam-me os habitantes do norte da Guiné-Bissau, que serão sobrecarregados com mais uma fronteira dentro do seu país. Ali se vão instalar, bem ao lado da casinhota, para apanhar também um pouco de fresco do ar-condicionado:

- as alfandegas, para vasculhar malas vazias;
- os serviços de veterinária para inspeccionar o porco e a galinha saudáveis;
- os serviços florestais para apreender o meio saco de carvão com que alguém irá fazer o jantar (o gás é caro em Bissau);
- os serviços de migração, para aborrecer a pobre mulher do interior que não tem identificação, pois o bilhete de identidade custa uma semana de comida para ela e para os filhos;
- a polícia para implicar com os piscas fundidos das candonga (carrinhas de transportes públicos) sem travões;
- os militares, que sinceros - não inspeccionando nada - tentam apenas sacar uns trocos para engatar umas bajudas nessa noite.

É por estas pessoas, que ali não terão direitos, que me indigno. É por elas também que a diplomacia deveria fazer algo, deixando de lado o politicamente correcto e o medo da "ingerência nos assuntos internos do país" (argumento sempre na ponta da língua de alguns dirigentes africanos).

A minha indignação fica por aqui. Confio absoluta e plenamente que os fundos da portagem servirão para a manutenção da ponte. Nunca (jamais, em tempo algum) esses dinheiros serão usados para comprar potentes carros, construir casas e financiar campanhas eleitorais!

24.6.07

AS DUAS FACES DE DACAR

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Vista de cima, Dacar engana. Da janela do avião, a (chamada) Paris da África Ocidental parece simpática e arejada.

Aqui do alto, a cidade-península é uma amálgama de açoteias ordenadas. Cada vez que o avião se faz à pista, em Yoff, a mesma vontade: ficar suspenso no ar contemplando aquela que (dali) parece ser a capital mais bonita do mundo.

Lá em baixo, o mar abraça, com meiguice, as casas de telhado falso. Centenas de pirogas navegam para lá da espuma. Barcos de cores bonitas demoram nas enseadas, à espera de capitão ou maré. O rectângulo por onde espreito é um quadro de cores berrantes e metódicas. Bonito e apetecível. Até o trânsito, esse monstro da cidade, parece circular veloz pelas avenidas largas, pontuadas a roliças rotundas.

Já no chão, a tela estica, torna-se mais abrangente. Dacar cheira a peixe e a podre. Os subúrbios, para quem tem a sorte de lá passar, são azedos como o cheiro do lixo que fermenta na berma das ruas. Os perfumes das lojas de luxo, com sotaque francês, do centro da cidade, não bastam para camuflar o odor a miséria que povoa os passeios da cidade, onde centenas de mendigos dormem embrulhados em trapos da cor da sua desgraça.

Dacar tem duas faces. Não é coerente.

20.6.07

FIDALGOS EM LISBOA

O grupo teatral guineense "Os Fidalgos" está em Lisboa. A informação chega via RDP-ÁFRICA e AFRICA DE TODOS SONHOS. A peça Namanha Makbunhe estará no teatro da Trindade até 1 de Julho, todas as quartas-feiras e sábados, às 21h30 e, aos domingos, às 16h30.

19.6.07

THURAM EM BISSAU

El francés del Barcelona, Lilian Thuram, viajará el próximo jueves a África para encabezar una campaña de sensibilización contra los "niños soldados" impulsada por la Oficina de la ONU para el África del Oeste (UNOWA), informó hoy el Instituto de Relaciones Internacionales y Estratégicas de Francia (IRIS).

El futbolista, que estará acompañado del Director del IRIS, Pascal Boniface, visitará Sierra Leona, Liberia, Guinea y Guinea Bissau, indicó el organismo en un comunicado.

RISCO DE NOVO CONFLITO É REAL NA GUINÉ-BISSAU

Aquilo que todos comentam em surdina, em Bissau, disse-o agora, em voz alta, Uco Monteiro à Lusa. Os dados do dia 6 de Junho de 1998 são idênticos àqueles que estão no tabuleiro a 19 de Junho de 2007.

Tráfico droga pode degenerar em novo conflito - Analista

O analista político guineense João José Silva Monteiro disse hoje à Lusa que a Guiné-Bissau corre riscos de um novo conflito armado devido à proliferação e ao tratamento dado à questão do tráfico de droga.

Antigo ministro da Educação e dos Negócios Estrangeiros e actual reitor da Universidade Colinas de Boé, João José Monteiro considerou que a forma como o problema da droga tem sido tratada pode originar um conflito armado, tal como aquele que o país viveu entre Junho de 1998 e Maio de 1999.

Na altura, lembrou João José Monteiro, um alegado tráfico de armas envolvendo elementos dos poderes político e militar motivou a guerra civil que culminou, 11 meses depois, com a deposição do Presidente João Bernardo "Nino" Vieira.

Para o analista político, o grau de possibilidade de um conflito é mais alto agora, isto comparado com a situação vivida no país no período que antecedeu a guerra civil e daí que tenha apelado para um tratamento sereno mais corajoso da questão.

"Quando falamos da droga estamos a falar de movimentações astronómicas de dinheiro e eventualmente de armas, factores que podem motivar (...) um conflito armado", explicou.

Em 1998, o antagonismo entre os grupos em contenda levou ao descambar da situação, lembrou João José Monteiro, para quem esse facto pode voltar a acontecer na Guiné-Bissau desta feita motivado pela droga.

Na opinião daquele analista, o risco de um conflito está no alegado envolvimento dos elementos das "altas esferas do poder" no negócio, em que o país é utilizado como placa giratória.

"O Estado deve estar sempre do lado do bem e da moralidade, mas quando existirem elementos do Estado de níveis superiores ou grupos de indivíduos alegadamente envolvidos" no tráfico de drogas isso pode colocar em causa a própria estabilidade do Estado, observou João José Monteiro.

"Vivemos desenhos iguais como aquilo que tivemos em 1998. É o alegado envolvimento de indivíduos do Estado com a droga, é um tratamento desastroso do assunto, mesmo pelo poder judicial, é um barulho desnecessário", disse José Monteiro, sublinhando que se nada for feito a Guiné-Bissau poderá viver um novo conflito que poderá descambar para via armada.

De acordo com aquele analista político, a forma como a questão do tráfico de droga tem sido tratada deixa a entender junto da população e da própria comunidade internacional que "toda a gente do Estado anda metida com a droga, dinheiro falso ou armas".

Para João José Monteiro, não é necessário tratar a questão da droga com "tambor e trompeta", como tem sido feito sobretudo na comunicação social, embora defenda um "combate implacável" contra os implicados.

Recentemente o governo, através da polícia, ouviu seis antigos governantes sobre o alegado desaparecimento de 674 quilogramas da droga apreendida nas mãos de narcotraficantes, mas que teria desaparecido nos cofres do Tesouro Público onde estava guardada.

Entre os ex-governantes ouvidos pela polícia figuram os ex-ministros da Justiça e das Finanças.

O assunto foi entregue agora ao Procurador-Geral da República, Fernando Jorge Ribeiro, que promete um inquérito para saber do paradeiro da droga que o antigo governo defende ter sido queimada.

Um outro perigo vislumbrado por João José Monteiro é a possibilidade de os narcotraficantes passarem a condicionar as decisões politicas e económicas da Guiné-Bissau, o que, exemplificou, poderá acontecer já nas próximas eleições legislativas marcadas para 2008.

"Há um sério risco de a máfia da droga passar a ser determinante para a formação de listas eleitorais ou na decisão de partidos que devem governar e, desta forma, condicionar a formulação de toda a politica" do país, alertou João José Monteiro, sociólogo e investigar no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP).

RÉPUBLICA SAHARAUI - em busca de uma solução

Marrocos e a Frente Polisário voltaram a sentar-se à mesa, dez anos depois. Não se espera que as posições se flexibilizem. A última colónia do continente africano continuará a existir. A acompanhar, por exemplo, AQUI.

14.6.07

SONO PROFUNDO

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As costas podem ser de uma mãe. Mas podem ser também de uma irmã mais velha, de uma tia ou avó, que em África todas as mulheres são mães mesmo não sendo.

Não há imagem mais típica deste continente e do carinho com que as mulheres embalam os filhos meninos enquanto caminham ou trabalham. Eles nunca se “desatam” das costas que os transportam.

Pode não haver dinheiro para mais nada, mas há sempre um pano para afagar o sono dos mais novos. E como eles dormem!, indiferentes aos solavancos da viagem, aos solavancos da vida.

7.6.07

NO REINO DOS MALINKÉS

Vivem no sul do Mali, na Guiné Conakri e no Senegal. São umas das etnias mais alegres e coloridas que conheci. Talvez pelas cores fortes da paisagem do Sahel, que aquecem a alma e pelas cores frias das águas do Niger, que refrescam a esperança de uma vida menos castigada.

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GUINÉ-BISSAU À VENDA?

De vez em quando entram no e-mail anedotas hilariantes, que nos dão a volta à barriga de tanto rir. A última entrou há momentos e defende uma confederação entre a Guiné-Bissau e o Senegal. Ou seja, este pequeno território passaria a ser mais uma província senegalesa.

Depois de defender que a Guiné-Bissau vive virada para o Senegal em termos comerciais e políticos, e que uma confederação faria todo o sentido, o cronista do IL EST MIDI, prosegue com este naco de prosa:

..."il faudra peut-être soumettre l’idée aux peuples des deux pays par le biais d’une consultation populaire, un referendum par exemple. Mais rien ne s’oppose à ce que les Assemblées nationales des deux pays en soient les maîtres d’œuvres pour éviter les grosses dépenses que pourrait entraîner un referendum. Pour l’heure, on se refuse à évoquer la question au sein de l’entourage officiel du Président de la République et personne ne veut confirmer l’information, mais nos sources semblent formelles, Wade envisagerait sérieusement d’étudier tous les aspects de la question car le Sénégal ne peut plus assurer la survie économique de ce voisin hors d’un cadre commun. Ainsi, le Président Vieira serait même d’accord pour que son pays devienne une région sénégalaise tout en assurant la vice-présidence au niveau de l’Etat."

Ele há com cada uma!!! Assim de repente, duas hipóteses/justificações para tamanha anedota: 1 - a imprensa senegalesa lança o isco, a ver se a ideia pega (e que reacções desperta por aqui). 2 - O texto serve outros interesses e pretende semear/alimentar a confusão na Guiné-Bissau.

2.6.07

BIG BROTHER IS WATCHING JOURNALISTS

Mais um jornalista na Guiné-Bissau foi interpelado pelas autoridades, após ter escrito um texto sobre droga. Depois de Fernando Jorge, correspondente do Expresso, ontem foi a vez de Alberto Dabo, correspondente da Reuteurs, ter ido à 2ª Esquadra (ministério do interior) prestar contas sobre o que tinha escrito NESTE TEXTO.

Oxalá o próximo ranking sobre a liberdade de imprensa volte a falar verdade sobre a Guiné-Bissau. Big Brother is watching you, is watching us.

GUINÉ-BISSAU E CABO VERDE ÚNICOS DE FORA NA ELEIÇÃO PRESIDENTE FIFA

Saiba porquê AQUI.