30.5.08

TEATRO EXPERIMENTAL BISSAU

A Guiné-Bissau é um país sui-generis, pois tem pessoas de valor nas áreas mais inesperadas. O teatro é uma delas. Aqui fica a nossa palavra de incentivo ao Teatro Experimental de Bissau, criado em 2005 e apoiado pelo Centro Cultural Português e pelo (Projecto de Apoio ao Sistema de Ensino da Guiné-Bissau) PASEG. O grupo conta já com actuações um pouco por todo o país e a avaliar pelo nível a internacionalização é já merecida.

29.5.08

CONAKRY A FERRO E FOGO

Uma revolta em diversas bases militares está a causar o caos na cidade e um pouco por todo o país. Um assunto a seguir. Será desta que cairá o presidente Lansana Conté, numa altura em que Nino Vieira, em viagem oficial pelo Japão, não estará ali ao lado para o auxiliar?

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25.5.08

DE VOLTA À ESTRADA

Mais um interregno em AFRICANIDADES. Vamos de viagem, mas ao preço a que está o gasóleo trocamos o 4X4 pelo burro. Veremos se ainda haverá umas moedas para a palha e para as ferraduras, cujos preços também estão pela hora da morte. Enviaremos notícias de um qualquer cyber-embondeiro do caminho. Até breve.

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DID HE COME TO AFRICA OR TO THE ZOO?

A leitura deste texto de Kevin Sullivan não me esclarece se o gringo do Washington Post fez uma viagem a África ou ao jardim zoológico. Os grandes títulos da imprensa da terra do Tio Sam também fazem mau jornalismo. Este texto é uma ofensa à Guiné-Bissau e ao jornalismo de viagens.

What a big shit Mr Sullivan! Next time just call us so we can show you Guinea-Bissau (and we offer you in the package, for free, Senegal).

Eis dois extractos:

One of the great joys of being a journalist is traveling the world's roads not taken. And hardly anybody takes the road to Guinea-Bissau. The airlines are not exactly flocking to one of the poorest countries on earth.
(...)
One road had streetlights, and a few banks, restaurants and hotels had noisy generators, and therefore light. But for the most part, Bissau was just black dark at night.
(...)
By sunset, the streets were all but deserted. There was so little traffic at night that I came across a dog in the middle of the road. I thought it was dead. But it was just sleeping...

E passou esta alma quatro dias em Bissau para isto!

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24.5.08

PATERNALISMO OU VERDADES DURAS DE OUVIR?

Estalou a polémica entre a Bélgica e o Congo (RDC). De acordo com ESTA NOTÍCIA o ministro dos Negócios Estrangeiros belga declarou há uma semana “estar em condições morais de criticar as autoridades congolesas, uma vez que existe má gestão dos dinheiros públicos e violação dos Direitos Humanos”. As declarações estão a ser interpretadas de diversas formas. AQUI, por exemplo, afirma-se que Karel De Gucht terá evocado um “direito moral” do seu país sobre o ex-Zaire.

A bronca já levou Kinshasa a chamar o seu embaixador em Bruxelas e ao encerramento do seu consulado em Anvers. O governo congolês lembrou entretanto que “a RDC é um país independente, soberano e que não reconhece, por isso, a nenhum outro país um pretenso direito moral sobre ele”.

Não escutei as declarações do MNE belga e por isso não conheço o sentido das suas afirmações. A ser verdade que as suas palavras foram no sentido de afirmar um direito moral (no sentido de "histórico") da Bélgica sobre o Congo, estamos face ao típico paternalismo das antigas potências coloniais para com os seus bebés. Portugal e França fazem-no exemplarmente.

Se, por outro lado, as declarações de Karel De Gucht foram no sentido de afirmar um direito moral (no sentido do conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas) para criticar a má gestão, a corrupção e a violação dos Direitos Humanos, então não vejo problema algum nas declarações do MNE belga. Assiste-lhe tal direito, uma vez que a Bélgica, enquanto país democrático e respeitador dos Direitos Humanos, tem perfeita autoridade para criticar. E aqui poderíamos traçar um paralelismo com as declarações de Bob Geldof, há dias em Lisboa. Os autoritários e corruptos governos e governantes africanos não gostam de ouvir verdades e reagem a elas violentamente, quando o que deveriam fazer, para evitar escutar o que não querem, era governar num quadro de transparência e de respeito pelo bem-comum dos seus cidadãos. Em África isso raramente (nunca?) acontece.

Juges et avocats craignent pour leur sécurité

Le procès des assassins présumés de l’ancien chef d’état-major général de la marine, le Commadant Muhamadu Lamine Sanha, a été renvoyé au 19 juin prochain pour manque de sécurité pour les juges du tribunal régional de Bissau et le collectif des avocats de la défense.

« Il n’est pas possible d’organiser ce procès sans aucune garantie de sécurité pour les juges et les membres du collectif des avocats de la défense. Nous sommes vraiment préoccupés devant l’absence de sécurité au niveau du tribunal pour pouvoir organiser ce jugement », a expliqué Me Basilo Sanca avocat de Dauda Tcham, un des deux co-accusés de l’assassinat de l’ancien patron de la marine abattu le 4 janvier 2007 par un commando.

Le ministère public avait pourtant déposé, il y a deux semaines, une demande de protection des jurés par la police d’intervention rapide (Pir) auprès du ministre de l’Administration interne, Certorio Viote mais ce dernier n’a pas envoyé ses agents pour garantir la sécurité à l’intérieur et dans les abords du Tribunal, indique-t-on de source judiciaire.

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Le président Nino Vieira annonce la fin de l’impunité en Guinée-Bissau

Le président bissau-guinéen, Joao Bernardo Nino Vieira, a vivement dénoncé vendredi la montée de la criminalité dans son pays et annoncé la fin de l’impunité pour les auteurs des crimes qui mettent en péril la sécurité des paisibles citoyens.

« Comment est-ce possible que notre pays bascule comme ça dans la violence qui menace la vie des paisibles citoyens ? », s’est interrogé le président Nino devant des anciens combattants de la guerre de libération nationale.

« Nous demandons au ministre de l’Administration interne de prendre les mesures nécessaires afin d’arrêter cette spirale de la violence et mettre un terme á l’impunité pour les auteurs des crimes », a-t-il ajouté.

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FIM DE SEMANA (na Ilha)

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Para fazer corridas de dows e percorrer o frio das pedras com os dez dedos das mãos.

ILHA DE MOÇAMBIQUE
Não é a pedra.
O que me fascina
é o que a pedra diz.

A voz cristalizada,
o segredo da rocha rumo ao pó.

E escutar a multidão
de empedernidos seres
que a meu pé se vão afeiçoando.

A pedra grávida
a pedra solteira,
a que canta, na solidão,
o destino de ser ilha.
O poeta quer escrever
a voz na pedra.
Mas a vida de suas mãos migra
e levanta voo na palavra.

Uns dizem: na pedra nasceu uma figueira.

Eu digo: na figueira nasceu uma pedra.

Por Mia Couto - o responsável pelo reacender da doença!

BROCHETTES DE ALENTEJANO À LA GUINEENSE

Hoje fui jantar fora e fartei-me de dar aos maxilares. Espetadas, num desses restaurantes “de classe” de Conakry (classe é algo muito relativo nesta terra).

Meia hora de espera- pelas ditas “brochettes” de vaca - entretida a três cervejas de meio litro, que me atenuaram o desespero e aligeiraram a língua! No final:

- C’était bien monsieur?
- Estava, mas diz ao cozinheiro que amanhã volto cá e quero que ele me prepare os cornos do bicho. Serão mais macios que esses pedaços de carne que me deram hoje.

Três minutos depois apareceu o cozinheiro de avental ao peito e cutelo na mão direita a perguntar o que queria dizer eu com a frase!

Paguei a conta e ainda fugi a tempo de livrar os meus toicinhos de serem, também eles, brochettes grelhadas no menu de amanhã.

23.5.08

Guiné-Bissau: MNE da União Europeia confirmam lançamento da missão

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) vão confirmar segunda-feira, em Bruxelas, a sua intenção de lançar em Junho a Missão dos 27 para Reforma do Sector da Segurança (RSS) na Guiné-Bissau.

"Os responsáveis europeus irão assinalar o envio da equipa avançada que irá preparar o lançamento da missão UE RSS Guiné-Bissau em Junho", disse hoje, em Bruxelas, fonte diplomática europeia.

Os 27 membros da UE irão assim "sublinhar" o carácter abrangente dessa missão civil que irá apoiar a reforma do sector da segurança na Guiné-Bissau.

O general espanhol Juan Esteban Verastegui foi nomeado para chefiar a equipa de peritos que será formada por pelo menos 15 conselheiros civis e militares e que apoiará as autoridades guineenses também na elaboração de legislação e reforço dos mecanismos de controlo para prevenir o tráfico de drogas.

Uma equipa avançada de 10 elementos chegou a Bissau em Abril para preparar as condições logísticas e operacionais da missão, que tem um orçamento de 5,7 milhões de euros para levar a cabo o seu mandato de 12 meses.

SARKOZY EM LUANDA

O presidente francês está em Angola pra uma visita de Estado. Na babagem Sarkozy leva dezenas de pás e enxadas, para cavar buracos bem fundos onde se possa enterrar de vez o Angolagate.

LER, por exemplo, AQUI

DUARTE (um nome a fixar)

Já que estamos numa de música...

22.5.08

O CADERNO

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O CADERNO
Composição: Toquinho / Mutinho

Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco
Até o be-a-bá.
Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha
Duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel...

Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Te acompanhar nas provas
Bimestrais, você vai ver
Serei de você confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel...

Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem
Seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá
Num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel...

O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer...

Só peço a você
Um favor, se puder
Não me esqueça
Num canto qualquer...

SADC DEVE EVITAR O "OLHO POR OLHO DENTE POR DENTE"

A SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) "deve actuar agora para fazer face à xenofobia na África do Sul antes que ela se propague pelo resto da região".

LER TUDO

Analista diz que só Brasil e África podem conciliar produção de biocombustíveis e alimentos

Retenho desta notícia o seguinte: os brasileiros preparam-se para aumentar o preço da cachaça. A Caipirinha vai ficar mais cara!

AQUI

Moussa Kaka: l'épouse du journaliste nigérien demande l'intervention de Sarkozy

PARA LER AQUI e depois perguntar:

Se fosse um jornalista francês, não estaria já fora da prisão (como de resto aconteceu com Pierre Creisson e Thomas Dandois)?

21.5.08

RACISMO NEGRO

Duas ideias sobre a actual onde de violência xenófoba no Zimbabué.

Por agora os motins viram-se contra africanos negros. Talvez um dia se virem contra africanos brancos.

O problema não atinge apenas zimbabueanos, como tem sido noticiado. Ela atinge também moçambicanos. Pelo menos 8 já morreram e 29 mil regressarm a casa.

AQUI

GUINÉ-BISSAU - UM EXEMPLO DE ESTABILIDADE

Com a Casamance, ao norte, a ferver, de novo, e o Primeiro-Ministro guineense demitido em Conakry, ao sul, a Guiné-Bissau afigura-se como um caso de estabilidade na região. Há tanto tempo que não acontece nada para aqueles lados!

Accrochage entre l’armée et les rebelles : Deux militaires et sept rebelles tués

limogeage de Lansana Kouyaté, syndicats et opposition dans l'attente

19.5.08

ALLAH AKBAR

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La FIJ appelle la Guinée Bissau à abandonner le procès du chef de la Marine contre journaliste

Mais um processo para ajudar à boa imagem que os militares guineenses (e a Guiné-Bissau) têm junto da comunidade Internacional. Uma vergonha, num Estado que se diz "de direito".

La Fédération Internationale des Journalistes (FIJ) a appelé aujourd'hui les autorités de Guinée Bissau à mettre fin à un procès en diffamation contre le journaliste Alberto Dabo et à abandonner toutes les accusations portées par le chef de la marine nationale, le Contre-Amiral José Américo Bubo Na Tchuto.

« Les accusations portées par l'Amiral Tchuto sont sans fondement, » a dit Gabriel Baglo, Directeur du Bureau Afrique de la FIJ. « Il n'y a de preuve pour soutenir aucune d’elles. Nous demandons aux autorités et au juge d'abandonner les poursuites engagées contre Alberto Dabo, le dossier étant vide. »

Le procès, qui a débuté en août 2007, doit reprendre mardi. Dabo a été inculpé pour diffamation, violation de secrets d'État, dénonciation calomnieuse, abus de la liberté de la presse et collusion avec des journalistes étrangers. L’affaire est basée sur les accusations de Tchuto que Dabo lui a attribué à tort des allégations selon lesquelles des soldats seraient impliqués dans un trafic de drogue en Guinea Bissau. Les accusations ont fait suite à une interview pour une télévision britannique dans laquelle le journaliste a servi d’interprète à Tchuto.

Il n'y aucun document faisant état de ce que Dabo a fait l’une des déclarations que Tchuto lui reproche.

O CHEIRO DA COCA

Duas notícias que ajudam a provar que:

- há militares envolvidos no tráfico de droga na Guiné-Bissau (facto que ainda ninguém tinha descoberto);
- o circuito do pó envolve cada vez mais a Guiné (Conakry), onde os traficantes, à semelhança do que acontece na Guiné-Bissau, estão enquadrados nos círculos do poder (seja militar seja político);
- os correios da droga bissau-guineense continuam a ser detectados nos aeroportos europeus.

Un coursier présumé, âgé de 41 ans et originaire de Guinée-Bissau a été interpellé par la police dans la zone de transit de l'aéroport. Il provenait de Conakry (Guinée) et avait voyagé à bord d'un avion de la compagnie Brussels Airlines.

Guinée-Bissau: Des chefs militaires impliqués dans le trafic de drogue

18.5.08

IDA AO DICIONÁRIO II

Continuam no ar ecos das declarações de Bob Geldof em Lisboa, há uns dias atrás. O director do estatal Jornal de Angola - voz oficial do MPLA - escrevia assim esta semana, em artigo de ataque (não só, mas essencialmente) à comunicação social portuguesa:

Lisboa continua, infelizmente, a ser o centro das conspirações contra Angola e alguns órgãos da imprensa portuguesa fazem gala em propalar mentiras sobre a realidade angolana ou injuriar e difamar os governantes angolanos.
(...)
O Governo de Angola é constituído por gente tão honrada e tão séria como os governos de Portugal ou da Irlanda. O Presidente de Angola é tão honrado e tão sério como os presidentes de Portugal, da Irlanda ou de qualquer outro país da União Europeia.


Voltei o dicionário, para tentar clarificar na minha mente os conceitos "honrado" e "sério" que José Ribeiro defende. Eis o que encontrei:

HONRADO: adj., tratado com honra e respeito; respeitado; venerado; que tem honra; probo; nobre; honesto; sem mácula; puro; casto.

SÉRIO: do Lat. seriu, adj., que revela gravidade ou sisudez; sensato; Brasil, metódico; avisado; honesto; que cumpre aquilo a que se obriga; circunspecto; que não ri;

Que José Ribeiro defenda quem lhe paga o salário, tudo bem... podemos compreender. Agora, que ele tente alterar a etimologia das palavras, isso não! Os dirigentes europeus podem até nem ser honestos nem sérios (pelos portugueses eu não ponho as mãos no fogo), mas têm pelo menos a seu favor a legitimidade do voto, camarada Ribeiro!

17.5.08

TANTA ÁFRICA, TANTO MUNDO

Uma operadora de telefonia móvel portuguesa lançou um concurso (CAUSAS SUPERIORES) destinado a estudantes e instituições ligadas ao Ensino Superior que investem o seu tempo no desenvolvimento de projectos de solidariedade e voluntariado.

Fui ao site dar uma espreitadela e analisar os projectos candidatos ao prémio final de 2500 euros.

O primeiro dado que salta à vista é o facto de um número considerável (7 em 16) de organizações serem constituídas maioritairamente por universitários cristãos ou que se afirmam inspirados em princípios cristãos.

Em segundo lugar, África continua a ser o destino de eleição para desenvolver actividades de voluntariado. Das 16 organizações candidatas 12 afirmam desenvolver projectos em África.

O terceiro dado que me chamou a atenção refere-se aos países escolhidos para desenvolver tais actividades. Neste capítulo apenas uma organização desenvolve projectos fora da lusofonia. Trata-se da Associação Nacional de Estudantes de Medicina, que desenvolve nos Camarões um projecto que pretende – através do envio de estudantes de medicina - melhorar as condições de saúde da população local.

Centro-me neste terceiro aspecto para defender o meu ponto de vista relativamente aos horizontes curtos de Portugal e dos portugueses de hoje. É natural e compreensível este interesse de Portugal e dos portugueses pela “sua” África. Ainda bem que assim é. Mas, não seria de esperar mais de um país que historicamente teve a sabedoria de ir “mais além”? Essa sapiência perdeu-se e hoje Portugal limita-se ao seu quintal, achando-o suficiente e até, para alguns, já grande demais, pois as necessidades dentro de casa são, também elas, enormes. Se analisarmos a cooperação bilateral portuguesa constatamos isso. O mesmo se reflecte na intervenção das ONG’s lusas, que escolhem, quase em exclusivo, o espaço lusófono para trabalhar. No seio da Igreja diocesana (a Igreja missionária não é exclusivista), a situaçao não é diferente. E é pena, pois há mais África (e mais mundo) para além da "nossa" (deles).

E SE UM DIA O SENEGAL QUISER IMITAR A COSTA MARFIM?

África tem-nos dado exemplos em que até os (ditos) bons alunos cometem erros de palmatória. O mais recente foi o Quénia.

Olhando para o comportamento político de certos dirigentes senegaleses, para certos elementos da sociedade senegalesa e para este alerta do FMI...

Nunca digas nunca... diz o adágio!

Sénégal: situation budgétaire "très difficile" selon le FMI, Dakar rassure

UMA ESTÓRIA COM MAU CHEIRO

Não sei porquê, mas não me cheira nada bem...

EMPRESÁRIO DE MACAU ANUNCIA INVESTIMENTO EM HOTEL NA GUINÉ-BISSAU

16.5.08

GAJAS BOAS

Segui atentamente o III Encontro das mulheres de África e de Espanha, que se realizou em Niamey, no Níger (V. AQUI OU AQUI).

Fórum pleno de palavras bonitas (como seria de esperar) , uma declaração final cheia de boas intenções e fotos, muitas fotos, para mostrar ao mundo que afinal "las mujeres de España estan con las africanas".

É precisamente nestas fotos que extraio o sumo do encontro, para chegar à conclusão que as tias da Europa adoram fazer-se fotografar junto a criancinhas. A coisa comove os corações dos que lêem o jornal com o croissant, de manhã cedo, que assim ficam com uma imagem diferente das mulheres que fazem política na Europa: afinal elas até são... boazinhas... boas... preocupam-se com os pobres e tudo!

Olhando para esta foto da número dois do executivo de Madrid e seu staff...

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apetece-me parafrasear os Gato Fedorento (grupo humorístico luso, cujo vídeo em epígrafe pode ser visto aqui):

- Sabem onde é que há gajas boas, boas boas... Gajas que um gajo olha para elas e diz epá que gajas boas? Sabem?

Em Niamey, no Níger.

ADENDA, como que a provar o que atrás ficou dito: Quando se quer muito aparecer as broncas acontecem... Como esta, em que a vice-primeira-ministra espanhola se deixou fotografar (sorridente, imagino) com um empresário nigerino e três mulheres que ela julgava serem suas filhas. De la Vega ficou "horrorizada" quando soube que as senhoras eram afinal as três esposas do homem e não os seus três rebentos! LER NOTÍCIA

15.5.08

MY KIND OF TOWN

Conakry é uma cidade agreste. Nem a brisa do Atlântico, que a varre a toda a hora, nem o próprio oceano, que a abraça dos dois lados, a tornam mais bondosa, mais apetecida. E, no entanto, cá no fundo, bem no fundo, consigo gostar de Conakry.

Quando se chega de novo a uma cidade ocorre um processo de adaptação lento e por vezes doloroso. Instalarmo-nos, criar contactos, arranjar amigos… fazer o luto do poiso anterior… Nesse processo há duas muletas fundamentais, em que uma ganha primazia sobre a outra: o local, entendido como a paisagem, o ambiente envolvente, quando se trata de um destino bonito e sedutor. Ou as pessoas, quando se trata de um destino menos simpático como Conakry o é.

Tenho encontrado por aqui boa gente. Até mesmo os polícias que me exploram a cada 100 metros de avenida e com os quais vou estabelecendo acordos secretos (a única forma de não ser aborrecido a cada 50 metros!).

Aos sábados de manhã, por exemplo, dia eleito para ir às compras e tomar pequeno-almoço melhorado, tenho já um amigo de farda que, sabendo da rotina, me aguarda em determinado cruzamento. Encosto o veículo quando ele me sai ao alcatrão de mão ao alto e ar grave e sério. Eu já sei que no valor das minhas compras semanais estão os 5.000 (0,75 €) deste bom-ladrão. Ele já sabe em que buraco do tablier se encontra a sua nota. Retira-a com um sorriso e nada discretamente deseja-me “bom fim-de-semana e até Sábado”.

Fecho a janela e sigo viagem, invariavelmente a cantar Sinatra:

This could only happen to a guy like me (Isto só pode acontecer a um tipo como eu)
And only happen in a town like this… (E só pode acontecer numa cidade como esta...)

ONDE ESTÃO?

A pergunta, contida no último parágrafo desta notícia, é pertinente:

Onde estão os tribunais da Guiné-Bissau?

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14.5.08

Manœuvres déstabilisatrices en Guinée-Bissau : Le général Tagme Naway pointé du doigt

Abstenho-me de comentar. A Guiné-Bissau dificilmente conhecerá o rumo do desenvolvimento nos próximos anos.

AQUI

WADE, O INCONSTANTE

Os políticos, no geral, e os políticos africanos, em particular, têm uma capacidade extraordinária de fazer os seus países regredir. Dão dois passos em frente para, pouco depois, darem quatro em direcção contrária.

Abdulai Wade, presidente do Senegal, quer alterar a duração do mandato presidencial de 5 para 7 anos. A proposta está a causar polémica no país. Os analistas perguntam quais as verdadeiras intenções do velho presidente, que há uns anos propôs, ele mesmo, a redução do mandato presidencial de 7 para 5 anos!

Sobre o assunto sugiro a leitura deste interessante texto de um jornalista Burkinabé, Séni Dabo, que aventa mesmo uma resposta para os desejos de Wade: instalar o seu filho Karim na cadeira do poder.

Ce n’est pas exagéré de dire que le président sénégalais Abdoulaye Wade est un condensé de polémiques et de contradictions. Il ne se passe pratiquement pas un jour sans que ses déclarations ne provoquent une polémique. (...)

Abdoulaye Wade, c’est aussi des contradictions avec des actes qui désorientent souvent, à telle enseigne que l’on pourrait lui appliquer facilement le qualificatif d’inconstant.


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PARTIDO SOCIALISTA FRANCÊS DENUNCIA ELEIÇÕES NA GUINÉ-EQUATORIAL

Curto e claro. A condenação do que acaba de suceder na Guiné-Equatorial, onde o partido no poder arrebatou TODOS os lugares no parlamento.

Os socialistas franceses pedem uma intervenção firme da UE.

AQUI

13.5.08

LIBERTEMOS MOUSSA KAKA

O e-mail de subscrição do abaixo assinado continua aberto. 3000 pessoas já assinaram.

liberezmoussa@rfi.fr

SABER MAIS

GUARDADOR DE PECADOS

A corda atravessada no meio da estrada denuncia que chegámos ao fim do país. 10 minutos e umas buzinadelas depois de termos parado o motor do carro, um militar surge de uma vereda, montado numa bicicleta. Os chinelos plásticos amarelos que traz calçados e as calças de camuflado arregaçadas até aos joelhos dão-lhe um ar bizarro e retiram-lhe seriedade.

A personagem que se aproxima de nós é a autoridade máxima neste pedaço de estrada situado já um pouco depois do fim do mundo, aqui onde o Fouta Djalon se deita de mansinho, antes de adormecer no mar. Transporta aos ombros – nos dois galões de sargento – todo o peso, toda a responsabilidade de ser o representante legal da instituição “Republique de la Guinée”. Todo o poder do povo e do Estado. Das leis e das injustiças. Da democracia e dos abusos do poder totalitário.

A continência que faz, acompanhada de um bater de chinelo direito no chão e de um sorriso do tamanho da importância do cargo que desempenha, dão-me a entender que será fácil sair da Guiné e entrar na Guiné-Bissau.

Estamos nenhures, entre Boke (no norte da Guiné) e o Quebo (no sul da Guiné-Bissau), numa picada terciária onde o movimento quotidiano se resume a um land cruiser de transporte público que liga as duas cidades: vai hoje, regressa amanhã. A alegria do militar está por isso justificada: não é todos os dias que caras novas entram ou saem do “seu” território.

Cumprimentos efectuados seguem-se as três perguntas sagradas de qualquer fronteira de país marcado pelas regras vermelhas da estupidez política: quem és, de onde vens, para onde vais. No caso deste sargento, uma outra pergunta impôs-se, substituindo a tradicional quarta pergunta “o que trazes para mim?”.

Assim, de sorriso nos lábios, a última pergunta surgiu inesperada e maliciosa: “quando regressam?”

Para ganhar tempo, porque percebi de imediato que as formalidades estavam tratadas (nem os passaportes o senhor nos pediu), fui directo ao assunto:

- Diga lá o que quer que lhe traga. Mas olhe que isto está mau…

- Traz-me uma garrafa de “rouge” (vinho tinto).

Notei no ar malandro do homem que havia gato escondido com rabo de fora. Entrei no jogo:

- Ah, então o senhor não é muçulmano!... Se bebe alcool…

- Olha lá… Estou aqui no meio do mato… Deixa lá isso da religião!

Rimos os dois e acordamos uma garrafa de vinho português para o dia do regresso. A corda baixa-se para a nossa passagem. Aos solavancos, já em território bissau-guineense, peço a Deus que meta o pecado deste militar na minha conta-corrente. Guardo na folha de caixa que tenho junto do Todo-Poderoso a humana falha deste homem. Por reconhecimento à sua simpatia e por me ter deixado sair do seu país.

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Kouremale, entre a Guiné e o Mali

ADENDA: Atravessar fronteiras em África nem sempre é fácil. Implica alguma diplomacia, um certo “savoir-faire” que permita convencer a(s) autoridade(s) fronteiriça(s) a deixar-nos sair ou entrar no “seu” (o sentimento de posse, aqui, é muito importante) território.

Não querendo ser pretencioso, reconheço que o tempo e as algumas centenas de passagens de um lado para o outro das cancelas (ou simplesmente das cordas) me deram traquejo na forma de gerir as regras sagradas do “atravessamento de fronteiras”.

A primeira dessas regras é "não ter pressa". Um homem com pressa, num destes locais, é um homem sem dinheiro, pois o acelerar de procedimentos custa caro. A segunda é nunca mostrar medo da autoridade. Quando um militar africano se apercebe que um estrangeiro treme, é certo e sabido que aproveita. O rol de regras, que trago coladas ao tablié da viatura e que releio sempre que uma fronteira se aproxima, é longo. Fico-me por aqui e entro no essencial da coisa: “o direito de passagem”.

O direito de passagem (também conhecido por cadeaux, droit de tampon, sumo, cola ou fim-de-semana) é uma franquia negociável entre a autoridade e o indivíduo que pretende passar a fronteira. Pode ser paga em dinheiro ou em espécie e é obrigatória na maioria das fronteiras africanas.

12.5.08

O MAGREBE DO SUL

Retorno à notícia dos camelos (dromedários) que os bissau-guineenses prometem transformar em bifes (sugiro que se despachem antes que os bichos morram atacados por alguma mosca mortífera - e que me convidem para o repasto, pois não me nego a uma boa grelhada do dito!)...

Que Khadafi é louco já nós o sabemos. Mas façamos a ligação desta acção (mais tantas outras anteriores)... façamos ainda a ligação aos interesses marroquinos em toda a costa oeste-africana, e na Guiné-Bissau também (link directo para o asilo dourado oferecido a Koumba Yalá)... leiamos, de seguida, este texto e far-se-á luz no nosso espírito. O Magrebe quer-se expandir.

Concurrence feutrée entre Maghrébins au sud du Sahara

Un fonds d’investissements pour la Libye, les entreprises de services pour le Maroc et des projets d’infrastructures pour l’Algérie : l’action économique des pays maghrébins, parfois sur fond de rivalité politique, en direction des pays africains, épouse globalement les caractéristiques de leurs propres économies. Les opérateurs algériens le concèdent, le capital politique dont jouit l’Algérie n’est pas suivi par une présence des entrepreneurs publics ou privés en Afrique. En annonçant, la semaine dernière, qu’il envisageait d’entrer dans le capital de certaines compagnies aériennes africaines, le nouveau PDG d’Air Algérie, Abdelwahid Bouabdallah, innove tout en révélant le retard pris par les entreprises algériennes en Afrique.

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9.5.08

TAP opera três voos para Guiné-Bissau durante o Verão

A TAP vai ter três voos por semana entre Lisboa e Bissau, entre 1 de Junho e 22 de Outubro, mais dois que tem normalmente na rota da Guiné Bissau.

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Parabéns TAP. Que os vôos se prolonguem para lá do Verão.

8.5.08

UMA FRASE SIMPLES

“Eu não preciso ser rico, mas tenho o direito a não ser pobre.”

Fim de tarde na Costa do Sol, Maputo. Retenho esta frase breve, quase banal, escutada no bar improvisado que é o paredão da praia. Nas nossas costas, geleiras de 40 litros carregadas de cerveja e refrescos, guardadas por mulheres de costas largas, refrescam a sede a quem a tem.

A força do Moçambique que trabalha, que se esforça, que se levantou do chão e não quer tornar a cair, cabe toda na frase simples dita por este vizinho de paredão. Cabe toda nas geleiras das portentosas vendedoras de refrescos.

O sol baixo cega a maré sem água. O mar está lá longe. A realidade está aqui, bem perto.

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7.5.08

DE EMPURRÃO

Confesso que já vi automóveis, motorizadas e camiões, serem postos a trabalhar de empurrão. Aviões nunca tinha visto, mas parece que também é possível! Uma pessoa pendura-se na hélice e fá-la girar! Se não funcionar abre-se o motor e espreita-se lá para dentro! No geral, as probabilidades de o motor arrancar de novo e de o avião prosseguir viagem, são elevadas. Em África essas probabilidades são certezas. Os aviões fizeram-se para andar lá em cima!

Depois de um forrobodó em seis actos, a dezena de passageiros (nunca seríamos muitos a contar para a estatística, de qualquer modo) conseguiu mandar vir outro aparelho de Maputo. Pelo sim pelo não… que lá em cima, se a coisa parar, já não dá para “empurrar”!

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ADENDA: foto tirada no Aeroporto de Inhambane, Moçambique, na mesma altura em que, ao telefone, discutindo com alguém as consequências do atraso do vôo, aprendi qual a diferença entre um bom piloto e um mau piloto. O bom piloto tem o mesmo número de descolagens e de aterragens. “Antes de voar vê bem a que grupo pertence esse aí”, sugeriram do outro lado da linha. Sentido de humor, não é?!

Levantámos vôo, já noite, com a pista do Aeroporto Internacional de Inhambane iluminada a... tochas de petróleo.

6.5.08

IDA AO DICIONÁRIO

Considero vácuo o discurso em favor dos pretinhos de activistas como Bono Vox, Bob Geldof, Angelina Jolie e outros que tais. Mas confesso que às vezes lhes acho graça.

Bob Geldof disse ontem em Lisboa, numa conferência promovida pelo Banco Espírito Santo, BES, (com fortes interesses em Angola), que este país africano era "gerido por criminosos".

O BES demarcou-se imediatamente das declarações e a embaixada de Angola em Lisboa considerou-as injuriosas.

Fui ao dicionário ver o significado de "injúria"...

injúria - do Lat. injuria - s. f., violação de um direito; ofensa moral; insulto; ultraje; detrimento; dano, estrago.

...e fiquei sem perceber a essência da indignação do BES e da embaixada.

YANNICK RECORDA OS JOGOS DE RUA NA GUINÉ E OS ENSINAMENTOS DO FUTSAL

Para ler na edição de hoje do Record.

DEMOCRACIA TOTAL

O Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), do Presidente Teodoro Obiang Nguema, é dado como vencedor antecipado das eleições legislativas de domingo, ao totalizar cem por cento dos votos.

Este é o homem que José Eduardo dos Santos e outros democratas como ele suportam. Este é o homem que a CPLP acolheu de braços abertos, na cimeira de Bissau. Um espanto de homens, estes políticos lusófonos.

FILHOS DAS PUTAS

Para uma realidade forte, palavras a condizer. Não há outra maneira de classificar estas crianças. São o que são, sem eventuais adjectivos que aligeirem a sua condição. Filhos de putas. Flashes de uma visita (matinal) ao bordel.

Deixemos, por agora, a casa torta de bancô (tijolos de terra secos ao sol). Deixemos a estrada e a cancela que demarca o fim (e o início) da cidade grande, uns metros acima, onde estacionam camionistas, militares, polícias, vendedores, viajantes. Nada disso interessa, por agora. Fixemo-nos nestas nove crianças, alinhadas num banco corrido, de madeira, tão torto como a parede que lhes serve de encosto. E, no entanto, mais direito que as suas vidas. Os olhos, pequeninos, devem ser escuros e redondos, como todos os olhos de crianças africanas. Adivinho-o, pois não os vi. Desde que cheguei, esses olhos cairam no chão de lodo viscoso de início de estação de chuvas e não mais se levantaram. Não sei se por vergonha, se para disfarçar a atenção que prestavam à conversa que a ama tinha comigo.

Passemos então para a mulher que está ao lado delas. Toma conta das crianças durante o dia, quando as mães se repousam. E durante a noite também, quando as mães se vendem em colchões fétidos de palha e desgraça.

De cigarro na mão, esta antiga prostituta, bem disposta, fala de tudo com uma abertura que me deixa espantado. É velha, muito velha. E gorda, muito muito muito gorda, como se todos os homens com quem se deitou lhe tivessem oferecido um pedaço de si. Está “reformada”. “Já não tenho corpo nem paciência para andanças do diabo”, justifica-se. Por isso ajuda as outras mulheres – “mais novas e mais pacientes” – tomando-lhes conta dos filhos. Pagam-lhe “pouco”, mas pagam. “Temos que ser umas para as outras.”

Abertamente responde a todas as questões que lhe coloco. Sem hesitações, sem silêncios, sem palavras dúbias que disfarcem a verdade das vidas que ali se vivem. Responde alto, com voz de fêmea decidida, para que as crianças, ao seu lado, oiçam bem com que gestos se foge à fome e se abraça a miséria.

“1.000 francos (1,5 €) para uma meia-hora. 7.500 para uma noite. 5000 francos de suplemento se o cliente não quiser usar preservativo.” E continua, ainda mais alto, em desafio às leis de bom-senso ditadas por quem come três vezes ao dia:

“Mon frère, isto aqui é assim… que estas crianças têm que comer! Achas que podemos pensar nessas coisas da prevenção?... Sabes qual é a nossa doença? A única de que temos medo? O senhorio. Se de manhã não pagas os 1000 francos do quarto és posto na rua. E se vais para a rua acabou-se o trabalho. Percebes? Essa coisa do ‘capot’ é para quem tem um mínimo. Nós aqui é o dia a dia. Percebes?”

Percebo. De forma tão clara como as crianças. E a senhora explica-se com a facilidade de uma professora primária. Por isso fico-me por aqui nas perguntas e peço para entrar no bordel.

Um pátio de gente tosca que desperta para o dia. Quatro paredes toscas que delimitam o espaço. 9 toscas portas de lata, que encobrem pudores de outros tantos toscos quartos. Prostitutas ensonadas espregicando-se surpreendidas. Cliente?! Que não, fiquem descansadas, não lhes vim dar trabalho a horas tão indecendentes. Que se quiser é só dizer, que aqui não há folgas e até a manhã mais ensolarada pode ser transformada na noite mais escura, para que ninguém veja ou saiba!

Despeço-me e subo a rua até à estrada, até à cancela que delimita o fim e o início da cidade grande. Demoro-me uns minutos a analisar a fauna que por ali pulula: camionistas, militares, polícias, vendedores, viajantes… Entro no carro e desando, sem aparente revolta. Nem as putas nem os seus filhos vão morrer de fome...

5.5.08

PALAVRAS ESTRAGADAS

Na Guiné-Bissau é possível que uma pessoa diga "verde" num dia e "vermelho" no outro. É tão normal que poucos questionam o porquê de mudanças tão repentinas de opinião.

Dizia ontem a Associação do Consumidor de Bens e Serviços (Acobes), pela voz do seu presidente, Bambo Sanhá:

Mais de 100 toneladas de arroz impróprio para consumo colocadas no mercado

Hoje, 24 horas depois, o mesmo responsável diz que, afinal:

Arroz estragado está armazenado e não chegou a entrar no mercado - associação de consumidor

Ou o senhor foi irresponsável, e fez declarações antes de ter certezas, ou alguém o levou ao armazém da empresa importadora e lhe deu a provar o grão do cereal.

Casos destes são recorrentes na Guiné-Bissau, que se tornou - dizem os próprios bissau-guineense - no caixote de lixo alimentar da África Ocidental. Atitudes destas minam a credibilidade de associações como a ACOBES, que poderia ser um espaço de alerta para situações semelhantes futuras.

O arroz pode até já estar dentro das normas... as palavras de Bambo Sanhá estavam, estão e estarão estragadas de certeza (para sempre).

BACK AGAIN

Fim-de-semana na ILHA, flutuando... Estamos de regresso ao continente. Boa semana a todos.

4.5.08

PARA RIR OU NEM TANTO (ecos da manhã)

Domingo de manhã. Leitura rápida da imprensa internacional. Três notícias para alegrar o dia (ou nem por isso)!

GUINÉ-EQUATORIAL DE RESSACA
Na Guiné-Equatorial os bares estão fechados e a venda de bebidas alcoólicas proibida. Razão: "garantir un état normal de fonctionnement des facultés mentales" dos eleitores durante o escrutínio legislativo e municipal.
É melhor assim, não vá a malta embebedar-se e cometer asneiras, votando na oposição!
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FIM DAS COLHERES NAS PRISÕES GUINEENSES
36 reclusos de Nzerekoré, sul da Guiné, evadiram-se da prisão. Os detidos usaram colheres para cavar um túnel. As autoridades do país já anunciaram o fim das colheres em todas as prisões. Comam à mão!
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HINO DA GUINÉ-BISSAU SOA ALTO EM ADDIS ABABA
O hino do país lusófono foi tocado no estádio da capital etíope onde decorrem os campeonatos africanos de atletismo, quando a vencedora dos 100 m barreiras (a guineense - de Conakry - Fatimata Fofanah) se preparava para receber a medalha de ouro. Um belo "couac" (gaffe) que provocou a desordem, diz a imprensa.
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3.5.08

NOSSA COR É...?

Edição do programa Memoire d'un Continent dedicada à negritude no espaço lusófono africano.

Minha cor é negra, de Caetano de Costa Neto

Minha cor é negra,
Indica luto e pena;
(...)
Todo eu sou um defeito,
Sucumbo sem esperanças.

ADENDA: Uma rádio é rádio quando nos explica, do lado de fora do muro, a grandeza do nosso pequeno quintal.

DIA DA LIBERDADE DE IMPRENSA

Dia de lembrar Moussa Kaka e tantos outros jornalistas presos por trabalhar.

AQUI

UMA RÁDIO É RÁDIO...

quando nos informa, quando nos distrai... quando nos leva (quase obriga) a saltar o muro do pequeno quintal em que vivemos e a descobrir o lado de lá.

Obrigado RFI.



MAIS SOBRE SOUAD MASSI:

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2.5.08

OS CAGA-MILHÕES

Quando ouço falar em tanto investimento, tanta obra - tudo num estalar de dedos - num país como a Guiné-Bissau... fico de pé atrás (muito atrás). Em 2011 estaremos cá para ver quem tem razão.

Estes até um porto prometem construir. Será um porto de barcos ou de canoas?

Empresa angolana tem projecto de exploração de bauxite

A sociedade mineira de investimentos Bauxite Angola apresentou terça-feira em Bissau um projecto de mineração e industrialização de bauxite na região guineense de Boé, que prevê um investimento de 321 milhões de dólares.


NOTÍCIA COMPLETA

PINDJIGUITI NO AR

Está de novo no ar a Rádio Pindjiguiti, em Bissau.

AQUI

CAMPEONATOS AFRICANOS DE ATLETISMO

Championnats d’Afrique d’athlétisme se disputent à Addis Abeba.

MAIS INFO/PLUS D'INFO

Fleuve Niger: les chefs d'Etat adoptent le plan de sauvetage et la Charte de l'eau

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Le Niger à Mopti, Mali

Quatre chefs d'Etat de l'Autorité du Bassin du Niger (ABN) ont adopté mercredi à Niamey un programme d'investissement de 3.645 milliards CFA (5,5 milliards d'euros) en faveur du fleuve menacé par l'ensablement et une "Charte de l'eau" qui doit garantir le partage "raisonnable et équitable" des eaux.
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Deux des trois volets du programme sont: le développement des infrastructures socio-économiques (4,454 milliards d'euros) et la Protection des ressources et des écosystèmes (852,386 millions d'euros).

Dans un communiqué final, les chefs d'Etat ont annoncé la tenue d'une table ronde des bailleurs le 23 juin à Niamey pour mobiliser les fonds nécessaires au premier plan quinquennal "prioritaire" 2008-2012, d'un montant de 1,4 milliards d'euros (905 milliards FCFA).

Ils ont également décidé d'accélérer la construction de deux nouveaux barrages à Kandadji au Niger et Taoussa au Mali que la Banque islamique de développement (BID) a décidé de financer fin 2007.

La Charte de l'eau (37 articles) fait obligation aux Etats de bien veiller à ce que le bassin du Niger soit mieux préservé.

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