19.12.06

NATAL INJUSTO! NATAL AMARGO...

Dos 365 dias do ano, os que antecedem o Natal são os mais confrangedores.

Uma agitação fora de normal toma conta de muitos guineenses nesta altura do ano. Ficam nervosos. Correm para trás e para diante. Batem a mil e uma portas. Desfazem-se em justificações. Apenas com um objectivo: arranjar algum dinheiro para o Natal.

Admito que para algumas pessoas a pedinchice seja um prazer e não uma necessidade. Para outras, a maioria, pedir ajuda é um acto a que se vêem obrigados por motivos diversos: doença ou falta de pagamento de salários. Para um terceiro grupo, ainda, pedir é rebaixamento tremendo, a que são obrigadas.

Nisso, este Natal é igual a tantos outros. Sempre houve e haverá um aumento dos pedidos de dinheiro nesta altura. Mas este ano, na Guiné-Bissau, há uma diferença: o Estado não conseguiu colocar em dia os salários de milhares de guineenses.

Quem trabalha recebe, dizem a lei, a ética e a moral. É assim em todo o mundo. Excepto na Guiné-Bissau. E em todo o mundo, mais que em qualquer outra altura do ano, o patrão (se for honesto) dá uma atenção especial aos pagamentos dos meses de Natal, por ser uma época especial. Infelizmente aqui não é assim.

PS: O Natal da Guiné-Bissau salva-se (sempre, mas este ano em especial) com as remessas que os emigrantes enviam às famílias. São milhões, os euros que entram em Dezembro vindos de todo o mundo. À custa do seu suor, os emigrantes suportam, a partir de fora, as injustiças cometidas dentro. E tornam mais doce um Natal amargo. Bem hajam.

BOAS FESTAS! UM PRÓSPERO 2007.

(AFRICANIDADES REGRESSA EM JANEIRO)

14.12.06

FLANDRES FAZ MORRER A BÉLGICA - fantástico!!!!!!!

A RTBF (cadeia de televisão belga) quase matou de susto os habitantes do país.

Numa emissão fictícia declarou a independência da Flandres, causando espanto (e mesmo pânico) aos belgas!

LER NOTÍCIA AQUI

LER REACÇÕES AQUI (alguns embaixadores - uns tótós - acreditados em Bruxelas chegaram a informar os seus países que estava em curso um golpe de Estado).

Esta brilhante ideia deitou por terra os nossos planos de fazer o mesmo, um destes dias, relativamente ao Alentejo, no hertz da rádio da Azaruja! Assim sendo, teremos que fazer uma coisa à séria, com uma independência de verdade.

Responsáveis da TGB afirmaram já que, por razões óbvias, não tencionam nunca (não sonham sequer) fazer semelhante emissão no país!!!!

13.12.06

MARROCOS! FASCISTA!

Prova de como Marrocos é uma ditadura protegida (por alguns países europeus).

Prova que Marrocos é terceiro mundo e que algum jornalismo que por lá se faz é de quinto mundo!

Au nom de la défense des droits de l¹Homme : Des perturbateurs empêchés de réaliser leurs desseins à Laâyoune

11.12.06

ESPALHEM A NOTÍCIA

Fim-de-semana com duas boas novas.

1 – A fronteira de Safim (para quem não conhece, uma fronteira instituída às portas da cidade de Bissau) foi abolida. É a segunda vez que a vergonhosa corda desaparece. Veremos por quanto tempo!

2 – A ponte de Cassolol (norte do país) foi reparada por um conjunto de amigos, algumas empresas e organizações guineenses. A estrutura é provisória, ainda, mas permite à população de Cassolol e Varela voltar a ter contacto com o mundo.

Volta a ser fácil viajar por aí para ver coisas bonitas, como estas ou outras…

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DANÇAS DE LUAS e de natais - sugestão

Cedendo espaço aos vícios consumistas.


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Lua branca
Quem te fez tão feiticeira
Tecedeira de prodígios e magias?

Quem te deu poder tamanho
Que sobre o teu manto estranho
Faz reais as mais distantes fantasias?

Lua cheia tempestade nos sentidos
Desmedidos nesse teu encantamento
Porque morrendo ao fascínio
Que me impõe em teu domínio
Corpo solto na vertigem do momento

Lua nova,
face oculta no mistério
de um império que não ouso desvendar

Embuçada sentinela
Que mesmo ausente revela
Ter a força dos segredos por contar

Lua meia em caprichosa mudança
Numa dança que a voz do tempo conduz
Espelho de quem é sempre mulher
E vive no constante renascer
Nos matizes mais secretos dessa luz
Lua branca, Lua cheia, Lua Nova, Lua meia

Katia Guerreiro - Dança das Sete luas
in Nas Mas Mãos do Fado
Compositores: Ana Vidal e João Veiga

COMPRAR (por exemplo) AQUI

MELÍFERA CHINA

O presidente guineense afirmou recentemente que a China tem que ensinar a Guiné-Bissau/África a pescar. As declarações de Nino Vieira geraram alguma confusão e mal entendidos, não se percebendo se o Chefe de estado se referia a “pescar”, no sentido bíblico do termo, ou a pescar, no sentido profissional e predador (como fazem os chineses em águas africanas) do termo.

É curioso este namoro (mais ou menos recente) de África com a China. Mais curioso ainda é que os dirigentes africanos apresentem (e vejam) o gigante asiático como o salvador de África.

Aparentemente a China não permite batotice (desvios, leia-se) no jogo da cooperação. Pergunta aos Estados africanos o que precisam e depois executa ela, sozinha, com os seus homens e os seus materiais, a obra. Desde o saco de cimento, à porca, ao software, tudo é importado das terras vermelhas! Claro que muitas vezes saem monos (bairro dos antigos combatentes, em Bissau) desadequados às necessidades da população ou elefantes (Assembleia Nacional Popular, onde até o Windows, dos computadores, está em versão chinesa).

A realidade, porém, é bem diferente. A velha máxima da economia (não há almoços grátis) aplica-se na perfeição à relação China-África. As pescas, as madeiras, os minérios (petróleo incluído) são a verdadeira razão pela qual os chineses estão a apostar em África. Até aqui nada de novo, o ocidente também o faz.

A diferença é que, se uns dão com uma mão e tiram com a outra, a China dá com meia mão e tira com as duas. Sem respeito pelos direitos humanos, pelo meio ambiente, por nada. A postura adoptada por este país para com África é neo-colonialista e predadora.

O discurso dos políticos africanos (de que a China veio para nos salvar) mantém o povo adormecido. A débil opinião pública africana atravessa ainda a fase de fascínio relativamente aos camaradas chineses. Oxalá quando despertarem para a realidade não seja tarde demais.

Liga Direitos Humanos condena agressão de militares a portuguesa

Notícia LUSA

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) condenou hoje, de forma veemente, o espancamento, às mãos de militares da Armada, de que foi alvo no passado domingo a cidadã portuguesa Catarina Ribeiro.

Num comunicado de imprensa, a Liga considera que Catarina Ribeiro, uma jovem de 26 anos, foi alvo de um acto "vergonhoso, criminoso e cobarde" por parte e de militares da Armada guineense, "o que deve ser sancionado de acordo com a lei vigente no país".

A Liga encoraja a jovem portuguesa a apresentar uma queixa-crime contra os autores da agressão, já que foi vítima de ofensas corporais puníveis no ordenamento jurídico guineense.

De regresso a Bissau no domingo, vinda de Quinhamel, uma estância balne ar situada 40 quilómetros a noroeste da capital guineense, Catarina Ribeiro foi abordada por soldados da Marinha de Guerra que estavam, alegadamente, em missão de patrulhamento numa zona do mato.

Segundo Catarina Ribeiro, com medo, já que era a única ocupante da viatura, não obedeceu à ordem de paragem dada pelos soldados, alguns deles trajando à civil, tendo efectuado marcha-atrás até ao local de onde partira.

De novo em Quinhamel, os soldados agrediram-na com murros, pontapés e puxões no cabelo, actos acompanhados de insultos, contou a jovem portuguesa à agência Lusa.

Catarina Ribeiro já apresentou uma queixa na Polícia Judiciaria guineense e no Estado-Maior General da Armada (EMGA), tendo solicitado ainda o acompanhamento da Embaixada de Portugal, em Bissau .

No comunicado, a Liga pede a intervenção do Parlamento, no sentido de este órgão accionar os mecanismos previstos nas comissões especializadas para as áreas de Defesa e Segurança para que os culpados deste acto sejam responsabiliza dos.

Afirmando tratar-se de um "acto vândalo", que põe em causa o "bom-nome da instituição militar", a Liga exorta o EMGA a punir "severa e exemplarmente" o s agentes agressores.

Segundo a Liga, actos semelhantes ao de que Catarina Ribeiro foi vítima têm ocorrido de "forma frequente nos últimos tempos", sem que haja "medidas sancionatórias" aos prevaricadores.

6.12.06

PARTIDAS E CHEGADAS

Um amigo escreve assim, no seu JIRENNA:

“Desfazer ordens antigas de cinco anos. O quarto parece um poço sem fundo: onde meti tanta coisa? Fazer malas. Atender mensagens de ternura e amizade. Uma confusão de coisas para deitar fora, de sentimentos contraditórios: alegria e lágrimas. Cada vez que parto morro um bocadinho. Mas a morte gera vida e a chegada, amanhã, às 7h15 a Nairobi, é o início de um (re)nascimento, um novo começo cheio de promessa e de ilusão.”

Quem sabe o que é viver com a vida (pleonasmo propositado) empacotada numa mochila sabe que palavras são estas. E sabe também o que é morrer, a cada nova partida. Sabe ainda como se nasce de novo, após cada chegada.

Boa sorte nesse Mártir-Sudão. Que a excelente obra deixada para trás inspire a que se segue. E até breve. Cá ou lá.

Experiência missionária a seguir AQUI.

Banco Mundial ameaça cancelar apoios por falta de transparência

Notícia LUSA

O Banco Mundial (BM) ameaçou cancelar os apoios e programas na Guiné-Bissau caso o governo de Aristides Gomes persista em actuar à margem da "transparência e da boa governação", factores exigidos para o desbloqueamento de fundos financeiros ao país.

A ameaça está contida numa carta, a que a agência Lusa teve hoje acesso, enviada a 21 de Novembro último aos ministros guineenses da Economia, Issufo Sanhá, e das Finanças, Vítor Mandinga, pelo director das Operações para a Guiné-Bissau do Banco Mundial, Madani Fall.

Se a suspensão se confirmar, a Guiné-Bissau ficará também sem os financiamentos do Banco Africano de Apoio ao Desenvolvimento (BOAD) e do seu principal parceiro da cooperação, a União Europeia (UE), deixando ainda pendente o apoio orçamental de 10 milhões de dólares (7,7 milhões de euros) previsto para este ano, alerta-se no documento.

Na carta, Madani Fall lembra que a mesa redonda de doadores, realizada em Genebra a 07 e 08 de Novembro último, os parceiros de desenvolvimento prometeram desbloquear fundos financeiros, condicionando-o a uma comprovada "boa governação e ao aprofundamento das reformas".

O responsável do BM sublinha que, ao mesmo tempo, as autoridades de Bissau teriam de "evitar os retrocessos e os erros, tais como as políticas adoptadas pelo governo no sector da castanha de caju durante o primeiro semestre de 2006".

Em causa está uma decisão tomada a 31 de Outubro último pelo Conselho de Ministros guineense, que cancelou o processo que estava em curso para a aquisição em "leasing", através de um concurso público internacional "competitivo", de um sistema de produção de energia de 15 megawatts.

"(O governo) procedeu contrariamente com um contrato negociado de uma forma não competitiva para a aquisição de um sistema de produção de energia com capacidade de 10 megawatts", afirma Madani Fall.

"Sabemos também que o mesmo procedimento está a ser considerado no caso (da privatização) do porto (de Bissau) e que o concurso público competitivo para a alienação do Hotel 24 de Setembro (igualmente na capital guineense) continua ainda esquecido e sem solução", acrescenta Fall.

4.12.06

CAÇA ÀS FOTOS

Tal como a caça caça (a dos animais), também as fotos têm a sua época. na Guiné-Bissau e arredores, esta "caça ecológica" começa em Dezembro e prolonga-se até Março/Abril. As amenas temperaturas e a baixa humidade deixam o céu mais verdadeiro (nas outras alturas é invariavelmente cinzento) e as cores menos baças.

O trabalho e as caçadas são a razão de uma actualização mais inconstante deste espaço.

Três espécimes (a)batidas por aí:
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28.11.06

10 MENORES MORREM A TENTAR CHEGAR À EUROPA

Mueren en un naufragio 10 inmigrantes menores y otros 24 inmigrantes desaparecen en las costas de Canarias

PARA LER AQUI, prestando atenção a este facto:

'los menores son conscientes de que en España recogen a los menores en centros especiales y eso es como un llamamiento'. 'Siempre habrá una oportunidad para evadirse y estar en España', añadió.

Se se encontrar "colocação" para estes menores no mercado de trabalho, e se se conseguir "sacá-los" dos centros de acolhimento (ou se eles próprios conseguirem fugir), está descoberta a fórmula para acabar por os repatriamentos!...

27.11.06

NOMEAÇÕES

Acabadas de sair, lidas na TGB:

Dionísio Cabi é o novo ministro do interior da Guiné-Bissau.

Bassiro Dabó foi nomeado conselheiro presidencial para a informação, com regalias idênticas às de ministro.

"Nino" e Kumba combinaram governo entre as presidenciais de 2005

Fotos: Páginas da Gazeta de Notícias








Notícia LUSA

A imprensa guineense publicou hoje o "protocolo de acordo confidencial" assinado entre João Bernardo "Nino" Vieira e Kumba Ialá, no intervalo das duas voltas das presidenciais de 2005, que estabelece a composição de um futuro executivo.

A cópia integral do texto foi publicada pelo semanário independente Gazeta de Notícias, que saiu hoje à tarde, indicando que o acordo foi assinado a 02 de Julho de 2005, havendo um anexo de 30 de Junho do mesmo ano em que era atribuído o Ministério do Interior a Ernesto de Carvalho, exonerado domingo por "Nino" Vieira.

Segundo o texto do acordo, Kumba Ialá, que ficou em terceiro lugar na primeira volta das presidenciais (a 19 de Junho de 2005), comprometeu-se a apoiar "Nino" Vieira na segunda volta, que decorreu a 24 de Julho, mediante uma série de contrapartidas políticas e financeiras.

Na altura, o governo era liderado por Carlos Gomes Júnior, empossado cerca de um ano antes, na sequência da vitória do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) nas legislativas de 2004, tendo "Nino" Vieira assegurado, na campanha e depois das presidenciais, que venceu, que não teria qualquer problema de coabitação.

No entanto, segundo o "protocolo de acordo confidencial", na alínea 2.1 da II parte, "Nino" Vieira e Kumba Ialá decidiram "criar um governo de consenso nacional com uma base parlamentar maioritária capaz de assegurar a integração de representantes do PRS, a revisão da Constituição e a reforma do Estado".

O acordo, que foi já denunciado publicamente por Kumba Ialá, reeleito presidente do Partido da Renovação Social (PRS) no terceiro congresso, que terminou a 12 deste mês, previa igualmente que "Nino" Vieira e o governo a formar poria à disposição do líder dos "renovadores" o Ministério da Administração Interna (Interior).

Segundo o "documento confidencial anexo ao protocolo de acordo", o ministério ficaria nas mãos de Ernesto de Carvalho, considerado pela "Gazeta de Notícias" como "o fiel dos fiéis" de Kumba Ialá, que seria empossado no cargo uma semana depois dos restantes membros do executivo a formar em Novembro de 2005, após a exoneração de Carlos Gomes Júnior.

De igual modo, sempre no pressuposto da vitória de "Nino" Vieira, os dois então ex-presidentes acordaram em que o cargo de Director-Geral da Segurança fosse igualmente "colocado à disposição" de Kumba Ialá.

O novo governo surgiria em Novembro de 2005, saído do Fórum da Convergência para o Desenvolvimento (FCD), espaço de concertação política que reagrupa o grupo de dissidentes do PAIGC que apoiaram "Nino" Vieira nas presidenciais, à revelia do partido, e do PRS.


O acordo previa ainda que o PRS assumisse a presidência da Assembleia Nacional Popular (ANP, parlamento), o que não se verificou, "ou beneficiar de um estatuto de prestígio que lhe confira uma importância maior no seio do Estado".

O texto definia também que Kumba Ialá nomearia conselheiros presidenciais, o que não aconteceu, a efectivação do general Tagmé Na Waie como chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), já confirmado no cargo, e a aprovação, no Parlamento, da Lei da Amnistia, curiosamente hoje lançada por "Nino" Vieira.

Como contrapartida, "Nino" Vieira, já como presidente da Guiné- Bissau, comprometeu-se a apresentar um projecto de lei sobre o estatuto de ex-chefe de Estado "consagrando imunidades e direitos, bem como a fixação dos seus subsídios, remunerações, viatura, serviço pessoal e segurança".

"A título transitório, o presidente João Bernardo Vieira compromete-se ainda, no quadro da constituição de um fundo para organização e funcionamento da coligação eleitoral, a beneficiar o "presidente" Kumba Ialá de vantagens financeiras", lê-se no ponto 2.10, da II parte.

Depois do apoio "indefectível" a "Nino" Vieira na segunda volta das presidenciais e após se assumir como "presidente de honra" do Fórum, a 13 de Outubro de 2005, Kumba Ialá, deixou o país no dia seguinte, tendo permanecido cerca de um ano em Marrocos, de onde regressou em fins de Outubro último para reassumir a liderança do PRS.

24.11.06

ORGULHO DE SER EUROPEU

Há tempos, em conversa com um senegalês sobre os porquês da deserção dos seus compatriotas rumo à Europa, ouvi da sua boca:

- O que é extraordinário, na vossa terra, é que a pessoa humana é respeitada. Aqui não!

O orgulho de ser europeu não pode advir de factos históricos, de alegadas superioridades (como alguns tentaram, e continuam a tentar, afirmar). O orgulho de ser europeu deve provir desse respeito pela pessoa humana, que marca a diferença entre a Europa e outras paragens. Por isso (não só, mas também), muitos para lá querem ir viver.

A diferença entre ser africano e ser europeu não está na pele, na condição económica, mas no tratamento, no respeito e na dignidade que uns e outros têm e recebem na sua terra, por parte dos seus pares e, sobretudo, dos seus dirigentes.

Vem isto a propósito da missão que uma delegação do Parlamento Europeu vai organizar a centros de detenção de imigrantes. Que sirva para elevar a qualidade do acolhimento que a Europa dá a quem procura uma vida mais digna, onde a sua pessoa seja respeitada, mas que motivos de políticas injustas não consegue.

23.11.06

A FACTURA

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Ser turista, em África, é viver disposto a ser enganado. E as hipóteses de isso acontecer aumentam na inversa proporção em que diminui a fluência linguística!

No Sahara Ocidental poucos falam francês, servindo-se sobretudo do árabe.

Em Julho, numa esplanada de El Ayun, ao pedir “un jus d’orange” apresentaram-me um café. Em Setembro, quando lá regressei, acompanhado, tive o cuidado de advertir quem estava comigo:

- Reparem como o meu pedido de sumo de laranja será respondido com um café.

Não me enganei!

El Ayún, meio do deserto, seis da manhã. No fundo da algibeira os parcos trocados de sempre (mochileiro nunca foi rico!). Acabado de sair do autocarro que liga Dahkla à capital do Sahara Ocidental, entro no “petit táxi” e digo ao motorista:

- Para o hotel mais barato da cidade, por favor!

O ar profissional e o bigode do homem transmitiram-me confiança; o cansaço alimentou o resto da imprudência. De tal forma que, chegado à porta, não pedi os cinco minutos habituais, para entrar e verificar as condições do local.

30 dirhams (3 euros). Fiquei. De ceroulas de algodão encardidas pelo uso, cara ensonada e com as rugas do lençol marcadas bem fundo na pele, o recepcionista acompanhou-me ao quarto. A meio do longo, emaranhado e labiríntico corredor, o homem apontou a “Toilette” trancada a cadeado, onde figurava um letreiro (para mim incompreensível, em árabe). Perguntei se era ali que se tomava banho e obtive como resposta a chave do pequeno loquete. 10 dirhams (1 euro), um terço do preço do quarto, custou o luxo de um banho!

ELEIÇÕES SENEGAL - Pão e energia vedetas de campanha

A subida dos preços no Senegal está a pôr os cabelos da careca de Abdulai Wade em pé. O presidente e candidato às eleições de Fevereiro tenta tudo por tudo para não cair da cadeira.

Como o preço da farinha está a subir, tratou de "avisar" os padeiros senegaleses que tinham até 15 de Dezembro para baixar o preço ou acabariam fora do negócio.

Como medida de apoio aos padeiros, Wade mostrou-se disposto a subvencionar o fabrico do pão, de forma a manter o seu preço.

Serão estes aumentos jogadas da oposição ou subidas reais dos custos de produção? Esta notícia da AFROL NEWS tenta explicar.

Um aumento do preço do pão no Senegal terá reflexos no pão que se come aqui, na Guiné-Bissau. O mesmo vale para a política.

ANEDOTA (recebida no e-mail)

O governo da Guiné (Conakri, nada de segundas intenções) proibiu os roubos no país.

Razão: Não admite concorrência!

22.11.06

E(I)MIGRAÇÃO - A ESTRATÉGIA DO FUTURO, OS NÚMEROS DO PASSADO, A FISCALIZAÇÃO NO PRESENTE

A Europa parece estar a descobrir a nova fórmula de combater o fenómeno e(i)migração clandestina. Formar e contratar a partir da origem. E nunca mais escancarar as portas do Eldorado, pois isso, dizem, "atrai novos emigrantes"!!!

UM EXEMPLO AQUI

Olhando para o passado (e não esquecendo que o problema não está solucionado, apesar de os média terem deixado cair o assunto - todos os dias chegam clandestinos a África) AQUI ESTÃO ALGUNS NÚMEROS. NESTE TEXTO ficamos a saber, por exemplo, que a 2 e 3 de Setembro deste ano (já depois da Frontex estar em acção) 1.433 africanos chegaram às Canárias em pirogas. Ou que, nos nove primeiros meses de 2006, 27.071 africanos chegaram às ilhas mágicas como ilegais, por via marítima. Veremos em 2007, sobretudo de Março/abril em diante, como será.

Por fim, a notícia que Portugal vai mandar marujos para patrulhar as águas da Guiné-Bissau, no âmbito do Frontex. AQUI

18.11.06

SARKOZY, por ZEDESS



Para quem não conhece, Zedess é um músico burkinabé. Sarkozy é o ministro do interior francês, famoso pela posta de pescada que originou o caos nas madrugadas dos arredores de Paris, há uns meses, e pelo conceito de "emigração selectiva" (o que quer que isso signifique)!

Há dias, rolando pelas estradas da Guiné, tive oportunidade de escutar a música satírica, seguida de uma entrevista de Zedess. Nada de anormal até aqui, não fosse o facto de sintonizar a Rádio França Internacional! Brincar com um ministro numa rádio pública é obra! Fica a letra...

Un Hongrois chez les Gaulois - OUVIR AQUI

Il s’appelle Nicolas Sarkozi
Il a inventé l’immigration choisie
C’est l’histoire d’un fils D’Hongrois
Qui veut se faire roi chez les Gaulois

Il s’appelle Nicolas
Il dit si t’aime pas la France quitte la.
Il dit qu’il n’est pas raciste et qu’il a des amis africains
Mais pas ceux qui ont faim et qui matent son pain

Fini l’époque du négro musclé - belles dents
Aujourd’hui il veut du noir diplômé - intelligent
C’est ça le critère du nouveau négrier
Qui a le culot d’aller en Afrique pour l’expliquer

Il s’appelle Nicolas Sarkozi
Descendant d’un immigré subi
Mais qui se vante d’être le roi du charter
Depuis qu’il est à l’intérieur du ministère

Il dit qu’il aime les africains mais chez eux.
Ils font trop d’enfants qui foutent le feu.
Au Karsher ou par charter il nettoie la France
Attention la racaille, 2007 la délivrance.

Il s’appelle Nicolas Sarkozi
Il a inventé l’immigration choisie
C’est l’histoire d’un fils D’Hongrois
Qui veut se faire roi chez les Gaulois
Paroles et musique : ZEDESS

O FENÓMENO IMIGRAÇÃO E AS ELEIÇÕES NO SENEGAL

Não nos enganámos quando afirmámos, há uns meses, que a atitude das autoridades senegalesas relativamente à emigração iria mudar assim que as eleições se aproximassem.

De forma a salvar a pele (ganhar a confiança dos eleitores, que pagaram caro as suas viagens ou as dos seus parentes para no fim serem repatriados) o PSD, no poder, utiliza quatro tipo de argumentos, segundo este site das Canárias:

- no hay nigùn acuerdo con España. España tiene el derecho de rapatriar a cada persona hacia su pais de origen.
- Senegal no ha recibido ni un euro de la parte de España.
- encarcelamos los que embacaron para las Islas canarias porque no atrevemos dejar a estos jòvenes darse la muerte en destinaciòn de un continente donde el africano tiene poca consideraciòn.
- España ha dado màs de 100 visados en este mes y està cooperaciòn para la vuelta de los rapatriados en tierra española por vìa legal va a seguir hasta el año pròximo para alcanzar los 4000 visados.

PARA LER NA TOTALIDADE AQUI

WADE, UM VELHO SONHADOR

O "maître" anda em campanha. E como sempre continua a brindar os senegaleses e a comunidade internacional com ideias brilhantes. Desta vez, para além de defender coisas bonitas e justíssimas, como uma real e verdadeira distribuição dos lucros das petrolíferas a operar em África pelos africanos (um sonho!), Wade sonha com a construção de uma linha de caminho de ferro e uma estrada que una Dacar a Joanesburgo e/ou ao Djibuti.

As afirmações do sonhador presidente-candidato devem ser relativizadas à luz de dois factores: a senilidade dos seus 80 anos e o facto de estar em pré campanha eleitoral.

As ideias brilhantes de Wade não acabam aqui. Há cerca de um ano e meio, quando a Gâmbia (que divide o Senegal em dois) boicotou a passagem de camiões de transporte (quebrando a ligação norte-sul do Senegal), Wade ameaçou construir um tunel que ligasse o país, passando por baixo da Gambia!!!

Guineense, correio de droga, preso no brasil

PARA LER NO DIÁRIO DO GRANDE ABC

PALHA-AC(H)ADA

A melhor forma de fazer Carmona Rodrigues esquecer as tricas com Nogueira Pinto foi recebê-lo com banhos (mais que isso, com inundações!) de multidão. Tal qual um chefe de Estado!

Carmona ficará eternamente agradecido a João Mário Vaz, presidente da Câmara Municipal de Bissau! Que as sobras da visita seja mais que a palha-ac(h)ada no chão das avenidas agora despidas de povo.

16.11.06

2007 - ANO SOLIDÁRIO PARA COM O POVO SAHARAUI

A sugestão partiu de uma conferência internacional de coordenação do apoio ao povo saharaui, em Vitoria, Espanha.

2007 poderá ser um ano decisivo para esta causa e para este povo, uma vez que a missão da ONU para a realização de um referendo prolongou o seu mandato apenas até Abril próximo. A comunidade internacional mostra-se cansada da situação que opõe o governo marroquino ao governo da República Árabe Saharaui Democrática (RASD). Uma situação que favorece a ocupação e os interesses marroquinos.

MAIS INFORMAÇÕES

SAHARA PRESS SERVICE

DEJA VU

Bemba, o sanguinário, não aceita os resultados que ditaram a sua derrota frente ao não menos sanguinário Kabila.

Sola N'Quilin, candidato derrotado à presidência do PRS (Partido da Renovação Social) acusa a organização do congresso de não ter gerido bem o processo eleitoral para a presidência do partido e admite impugnar a eleição (informação RDP-ÁFRICA).

Na Associação de Moradores do bairro H, o candidato derrotado às eleições para a presidência da organização não reconhece a vitória de quem obteve mais votos e ameaçou impugnar a votação.

Na turma C do liceu X da mais pequena cidade africana, o aluno Y, derrotado às eleições para delegado de turma, não aceitou os resultados e bateu no professor que vigiou a votação, acusando-o de imparcialidade.

Défice de democracia. Não saber perder. Deja vu.

RIDICULAMENTE POSITIVO

Carmona Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, vem a Bissau, em visita oficial, no âmbito da UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.

O lado positivo desta visita traduz-se (e pode ser visto) na avenida 14 de Novembro, que liga o aeroporto ao centro de Bissau: a avenida foi varrida, o lixo recolhido e os lancis dos passeios pintados. Sempre que alguém de fora chega, a cidade aperalta-se para receber as visitas e isso é bonito. Mostra respeito e consideração pelo forasteiro. Pena que a limpeza se faça apenas nos dias de visitas e nos outros o lixo se acumule nas bermas, sinal que quem cá vive vale menos que quem vem de fora.

O lado rídiculo da preparação da visita de Carmona Rodrigues traduz-se nas palavras do speaker que tem andado pelas ruas de Bissau a anunciar a chegada do senhor. A mensagem, debitada por umas colunas mais roucas que um fumador alcoólico compulsivo de 120 anos, diz mais ou menos isto: "Vamos esperar o doutor Carmona Rodrigues amanhã na rotunda do aeroporto. Carmona Rodrigues é o presidente da Câmara Municipal de Lisboa e vem à Guiné-Bissau para melhorar (pa kumpu nô terra, em crioulo) a nossa terra. Vamos todos ao aeroporto esperá-lo."

Não me admira que amanhã umas centenas de pessoas (das milhares que por aí andam, desempregadas a arrastar o esqueleto, sem alternativa de vida) se congreguem no aeroporto a dizer adeus a Carmona, quando ele passar cheio de batedores de polícia a iluminar o caminho. Pode ser que as mãos no ar coonvençam o homem a deixar (mais) alguns euros.

Los inmigrantes africanos que viajan a Europa son cada vez más jóvenes

Para ler AQUI.

EU VOU À ESCOLA, (SE)...

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O ministro da educação anunciou que o ano lectivo começará na próxima semana. Para que os dois períodos lectivos corram bem será necessário uma conjugação de factores... Oxalá estejam/sejam reunidos esses factores e as crianças guineenses possam aprender a ler, escrever e contar.

MAIS BIJAGÓS - NUNCA SÃO DEMAIS

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14.11.06

PAIGC admite aliança governamental com PRS

Notícia LUSA

O PAIGC admitiu esta segunda-feira que poderá negociar uma eventual aliança governamental com a recém eleita direcção do Partido da Renovação Social (PRS), sem afastar uma eventual antecipação das eleições legislativas na Guiné-Bissau previstas para 2008.

Em declarações à Agência Lusa, Daniel Gomes, porta-voz do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), comentava os resultados do III Congresso dos «renovadores», que terminou domingo à noite depois da reeleição de Kumba Ialá como presidente.

«São resultados que já esperávamos, pois era esperado também que Kumba Ialá voltasse à liderança. Não restam as menores dúvidas de que Kumba Ialá é uma personalidade carismática no seio do PRS e o seu regresso à liderança é bem-vindo para o PAIGC», afirmou Daniel Gomes.

Salientando que o PAIGC e o PRS já manifestaram, no passado, a intenção de formar um executivo de unidade nacional, liderado por Carlos Gomes Júnior, presidente do antigo partido único, Daniel Gomes defendeu a importância de um eventual acordo nesse sentido.

«O PAIGC já manifestou isso. No quadro político guineense, o entendimento político entre PAIGC e PRS teria um grande alcance para o progresso e estabilidade no país», sustentou, insistindo na ideia de que o actual governo é «ilegal».

Domingo à noite, já na qualidade de novo presidente dos «renovadores», Kumba Ialá disse na intervenção final do III Congresso do PRS estar «aberto» a novos parceiros políticos, deixando no ar a ideia de que será possível chegar a um entendimento com o PAIGC.

Kumba Ialá voltou a insistir na convocação de eleições legislativas antecipadas, o que pressupõe a demissão do executivo de Aristides Gomes, bem como o fim do Fórum de Convergência para o Desenvolvimento (FCD), que constitui a base de apoio do executivo e que considerou também «ilegal e ilegítimo».

Na ocasião e em declarações à Lusa, Kumba Ialá indicou que, «para já», o PRS vai manter os seus dirigentes no actual executivo, cinco ministros e quatro secretários de Estado, situação que será analisada na próxima reunião do novo Conselho Nacional, a marcar «para breve».

Por outro lado, Daniel Gomes adiantou que «vários camaradas» do PAIGC, entre eles Soares Sambu, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, «já efectuaram uma visita informal» a Kumba Ialá, que regressou ao país há cerca de três semanas, após um ano de ausência em Marrocos, mas que «nada foi oficial».

«Houve muita especulação com uma visita informal efectuada por camaradas do PAIGC. Kumba Ialá não é inimigo de ninguém. Tem muitos amigos na Guiné-Bissau e começou a sua actividade política no PAIGC. Será que é proibido visitar Kumba Ialá?», justificou.

10.11.06

O MUNDO EM CAMPEONATO

Todos os anos, em Novembro, o PNUD publica o seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Valendo os rankings o que valem (o estado de um Estado não se analisa apenas por tabelas de algarismos), o IDH permite olhar para os países do mundo, para as suas desigualdades, para a forma como são geridos...

O documento é uma tabela classificativa que permite ver quem joga bem e mal o jogo do desenvolvimento. E a imagem não pretende desvalorizar este indicador, garanto. Serve apenas para ver onde estão os bons treinadores e os maus. Em que países há bons pontas de lança e aqueles onde os guarda-redes são frangueiros!

Portugal desce neste ranking (2006), elaborado a partir de dados de 2004. Nada de muito anormal, mas preocupante se verificarmos que os países de leste já nos ultrapassam.

Na Guiné-Bissau a descida de um lugar (de sexto a contar do fim, para quinto) também não dá lugar a festejos. O país continua a ser um dos mais pobres do mundo, apenas melhor que Burkina Faso, Serra Leoa, Mali e Niger (o lanterna vermelha do campeonato).

Outro dado preocupante dá conta que «aumenta o fosso entre países pobres e países ricos», uma vez que o desenvolvimento na África subsaariana «estagnou e não apresenta qualquer sinal de melhoria», apesar de no resto do mundo ter aumentado.

A estagnação africana deve-se, segundo o PNUD, «em parte ao retrocesso económico mas, principalmente, às consequências catastróficas do VIH/Sida na esperança média de vida», que na África subsaariana é actualmente inferior à que se registava há 30 anos.

9.11.06

210

210 Milhões de euros foi quanto a Guiné-Bissau conseguiu arrecadar na mesa redonda. Falta saber se são 210 prometidos ou 210 efectivamente doados. Depois falta também saber se serão 210 bem geridos ou 210...

Guiné-Bissau: Portugal disponibiliza mais um milhão de dólares
Notícia LUSA

Portugal disponibilizou, hoje, mais um milhão de dólares, a juntar aos nove milhões de dólares anunciados terça-feira, na reuni ão de doares sobre a Guiné-Bissau, em Genebra, disse à agência Lusa, o secretári o de Estado da Cooperação.

João Gomes Cravinho contou à Lusa que Portugal acabou, hoje, por adicio nar um milhão de dólares (800 mil euros) aos nove milhões de dólares (7,2 milhõe s de euros) disponibilizados terça-feira, montante destinado a apoiar o Orçament o Geral do Estado (OGE) deste ano, nomeadamente para o pagamento de salários.

Fonte do Governo guineense comentou à Lusa que Portugal desempenhou um "papel decisivo" na mesa-redonda, sublinhando a intervenção final de João Gomes Cravinho, na qualidade de coordenador do Grupo de Contacto da Guiné-Bissau sob a égide das Nações Unidas, que "convenceu" os doadores mais reticentes.

A mesma fonte explicou que Portugal pôs em cima da mesa mais de um milh ão de dólares com o intuito de dissipar quaisquer dúvidas, em relação à confianç a nas autoridades guineenses. Os doadores da Guiné-Bissau disponibilizaram, hoje, ao governo guineens e, 262,5 milhões de dólares (210 milhões de euros), no quadro dos projectos de d esenvolvimento do país, disse fonte governamental.

Contactada a partir de Bissau, por telefone, fonte do executivo de Biss au em Genebra adiantou que o défice orçamental para 2006 foi fechado e o de 2007 está em vias de o ser também, abrindo portas à negociação de um programa pós-co nflito com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo a fonte, os doadores, entre eles Portugal, ficam agora a aguard ar uma política de boa governação, para que possam desbloquear, mais tarde, os r estantes 178,5 milhões de dólares (142,8 milhões de euros) para programas de des envolvimento e para a reforma do sector da Defesa e Segurança.

VÁRIOS SOBRE IMIGRAÇÃO

QUANDO O PASSADO SE ESQUECE
Texto que relembra aos espanhóis (poderia ser também dirigidos aos portugueses) que 44% dos seus emigrantes para a Europa na década de 60 sairam do país como clandestinos. Uma crítica invisível à gestão europeia do fenómeno emigração clandestina. Para ler na VOZ DE GALICIA

A PRIMEIRA REVOLTA
Não é bem o AMISTAD, mas assemelha-se. A primeira revolta de africanos em pleno ar, em plena repatriação aconteceu há dias em Espanha. Iam guineenses a bordo, que mostraram que regressar a casa é um pesadelo mau demais, impossível de suportar.
Para ler no CORREO DIGITAL

e no MELILLA HOY

Guiné-Bissau: Kumba Ialá posto à prova no III Congresso do PRS

Notícia LUSA

O III Congresso do PRS, segundo maior partido da Guiné-Bissau, começa hoje, em Bissau, tendo como curiosidade saber se Kumba Ia lá, um dos candidatos à liderança, terá um "passeio" pela frente ou se será post o efectivamente à prova.

O conclave, que se prolonga até sábado sob o lema "Reforço da Coesão, D emocracia Rumo ao Desenvolvimento", permitirá a escolha de um novo líder, tendo em vista reunificar o Partido da Renovação Social (PRS) para os próximos embates eleitorais de 2008 e 2009.

Quatro candidatos concorrem à presidência do partido, segunda maior for ça política saídas das legislativas de 2004 e actualmente no Poder, destacando-s e, entre elas, a do seu co-fundador, Kumba Ialá, que regressou de uma estada de cerca de um ano em Marrocos precisamente para se apresentar à corrida.

Em declarações à Agência Lusa, o presidente da Comissão Preparatória do Congresso, Florentino Mendes Pereira, adiantou que os mais de 750 delegados vot arão, sábado, para a eleição não só do novo líder mas também para o novo secretá rio-geral, uma vez que Artur Sanhá abandonou essas funções em Junho último.

Fontes próximas da candidatura de Kumba Ialá, que liderou o partido des de a sua fundação, em 1992, até ser escolhido, nas presidenciais de 1999 e 2000, como chefe de Estado da Guiné-Bissau, altura em que o abandonou, defenderam à L usa ser "mais que provável" a escolha do primeiro presidente dos "renovadores".

No entanto, Sola N'Quilin, actual ministro da Agricultura e Desenvolvim ento Rural, já veio a público desafiar Kumba Ialá, defendendo a ideia de que um ex-chefe de Estado não deve regressar à política partidária, uma vez que deve to rnar-se um "senador da Nação".

No entanto, Kumba Ialá já divulgou em público parte da sua estratégia d e regresso à actividade político-partidária, defendendo a realização de eleições legislativas antecipadas, argumentando com a "ilegitimidade" do actual governo, no qual o PRS conta com quatro ministros e cinco secretários de Estado.

Desta forma, fica suscitada a dúvida, se o PRS vai elaborar estratégias para as legislativas de 2008 e as presidenciais de 2009, ou se tem previsto já o cenário para a escolha antecipada de um novo Parlamento, já em 2007.

Guiné-Bissau: Mensagem PAIGC a congresso "renovadores" criticada por Governo

Notícia LUSA

A mensagem de felicitações que o PAIGC apresentou hoje na abertura do III Congresso do PRS, em que falou de crise económica e s ocial na Guiné-Bissau, foi criticada duramente pelo governo guineense, que acuso u o "partido libertador" de "divisionismo".

Em declarações à Agência Lusa, o porta-voz do governo, Rui Diã de Sousa , considerou que a abertura do III Congresso do Partido da Renovação Social (PRS , segunda maior força política do país) "não é a altura ideal para fazer crítica s ao governo".

"Uma mensagem destas, não é propícia nesta altura", disse Diã, acrescen tando que proferir um discurso destes "é mal enquadrado, derrotista e divisionis ta; a roupa suja lava-se em casa".

No período reservado à leitura de mensagens, ante da saída dos convidad os, Augusto Olivais, secretário permanente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que falou em nome do líder Carlos Gomes Júnior, d estacou a importância da realização do congresso dos "renovadores" numa altura e m que o país vive uma "profunda crise económica e social".

Na intervenção, o PAIGC considerou que os "renovadores" constituem uma "grande força política" e que, juntos, poderão trabalhar para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, apelando a que, no congresso, o PRS saia "mais reforçado e coes o" nas suas estruturas partidárias.

6.11.06

O MEDO DE REGRESSAR MAIS POBRE

Duas notícias que dão conta de como os recentes contactos entre as autoridades espanholas e guineenses estão a causar o pânico entre os ilegais deste país africano detidos em Espanha.

AQUI e AQUI

3.11.06

POR AÍ...

Pôr-do-sol em chão Felupe
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Aprendendo a vender camarão nas longas esperas pela jangada de S. Vicente, que une o norte ao centro e sul da Guiné-Bissau.

2.11.06

QUARTEL DE JOLMETE

Hoje com uma utilização bem mais digna: agricultura. Fotos do que resta!

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30.10.06

PILANDO ARROZ

Por agora pila-se o pam-pam, arroz de terras altas, não alagadas. Daqui por tempos começar-se-á a "dar conta" do arroz de "bolanha".

É o sinal que as chuvas estão mesmo, mesmo a acabar.

Boa semana de trabalho, são os votos da gerência que se despede até Quinta ou Sexta-feira.

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29.10.06

CATIÓ Presente e Passado

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Uma foto aérea tirada há pouco mais de um ano e outras duas enviadas por Vitor Condeço, que por ali passou nos anos 60 e muitos.

Segundo Condeço "pelo que é dado ver, a vila cresceu e ocupou também parte da pista.
Será que foi um sinal de progresso? Gostava que sim!

Para que compare a diferença 37 anos e meio decorridos, em anexo envio-lhe uma foto dessa mesma pista e uma vista da vila, tiradas por mim em Janeiro de 1968, e digitalizadas dos negativos, passados 38 anos, tem a patine do tempo."

Obrigado.

28.10.06

O INFERNO GUINEENSE (anedota recebida via e-mail)

Um homem morre e vai para o inferno.

Ao chegar lá, ele descobre que há um inferno diferente para cada país e ele decide tentar o menos penoso para passar a sua eternidade.

Ele vai ao inferno alemão e pergunta: "O que fazem aqui?
Disseram-lhe: «Primeiro põem-te numa cadeira eléctrica por uma hora.Depois põem-te numa cama de pregos por mais uma hora. Por fim o diabo alemão vem com um chicote e chicoteia-te até á noite»

O homem não gosta do que ouve e vai tentar a sua sorte num outro inferno. Ele passa pelo inferno dos EUA, da Rússia e muitos mais. Todos eles praticam o mesmo que o inferno Alemão.

Mas o que fazer então? Ele continua a andar até que descobre uma grande fila no inferno da Guiné-Bissau. Muito intrigado, ele pergunta o que fazem nesse inferno. Ao que lhe Respondem:

Primeiro põem-te numa cadeira eléctrica por uma hora. Depois põem-te numa cama de
pregos por mais uma hora. Por fim o diabo guineense vem com um chicote e chicoteia-te até a noite»

Aí, mais admirado ainda, o homem pergunta: "Mas é exactamente o mesmo tratamento que fazem nos outros infernos, porque razão então a fila aqui é tão grande?"

Porque aqui nunca há electricidade, portanto a cadeira eléctrica não funciona. Os pregos foram encomendados e pagos, mas nunca foram fornecidos, portanto a cama é muito confortável. E o diabo guineense é trabalhador da função pública, por isso vem, assina o ponto e depois sai para tratar de assuntos pessoais, portanto nunca está presente para chicotear os mortos.

E o homem decidiu pôr-se na fila a espera a sua vez.

Actual governo é ilegítimo, diz Kumba Ialá no regresso a Bissau

Notícia LUSA

O antigo presidente e ex-líder do partido da Re novação Social (PRS) Kumba Ialá afirmou hoje, em Bissau, que o actual governo de Aristides Gomes é "ilegítimo" por não respeitar os resultados das eleições legi slativas de 2004.

Kumba Ialá falava aos jornalistas momentos após regressar a Bissau - de onde saiu a 15 de Outubro de 2005 - a bordo de uma avioneta privada que o transportou de Rabat até à capital guineense, precisamente no dia em que faz um ano que o presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, demitiu o governo de Carlos Gomes Júnior.
"Nem o Governo nem o Fórum (de Convergência para o Desenvolvimento - FCD) têm legitimidade", afirmou Kumba Ialá, sublinhando que, no seu entender, as responsabilidades dos "renovadores" acabaram a partir do momento da publicação do s resultados eleitorais das legislativas de Março de 2004.

Nessa votação, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verd e (PAIGC) saiu vencedor e acabou por formar governo, executivo que, 17 meses e 1 7 dias mais tarde, a 28 de Outubro de 2005, foi demitido por "Nino" Vieira, que alegou então "incompatibilidades institucionais" com Carlos Gomes Júnior.

A exoneração ocorreu 14 dias depois da criação do Fórum, espaço de conc ertação política que integra o PRS, segunda força parlamentar, mais 15 "dissidentes" do PAIGC, permitindo, na lógica de "Nino" Vieira, criar condições para uma nova maioria parlamentar, da qual saiu o executivo liderado por Aristides Gomes.

Na altura da criação do Fórum, Kumba Ialá foi escolhido como "president e honorário" deste espaço político, tendo, no dia seguinte, partido para Marroco s, onde se manteve até hoje.

Questionado pela Agência Lusa sobre uma eventual contradição sua em rel ação à inexistência de legitimidade de um espaço político de que é "presidente h onorário", Kumba Ialá foi lacónico.

"Eu? Só se por métodos aleatórios", respondeu, rodeado pelos principais dirigentes da actual direcção dos "renovadores", alguns deles membros do actual governo.
Kumba Ialá acusou o Fórum, presidido formalmente por Aristides Gomes, d e ser "um satélite de alguém", que não apontou, alguém esse que deve assumir "as suas responsabilidades" no país.

Por outro lado, questionado também pela Lusa sobre se o Fórum é ou não a base de sustentação do actual executivo, Kumba Ialá respondeu com uma série de perguntas.
"Qual base de sustentação de governo? De que governo? Qual é o suporte legítimo desse Fórum? Qual é a legitimidade do actual governo?", perguntou.

"O PRS apoiou o presidente eleito (na segunda volta das presidenciais d e 2005). Entretanto, o presidente eleito, voluntariamente, decidiu organizar um outro governo, que é da sua livre autoria, da sua livre vontade. A nossa respons abilidade acaba a partir do momento em que os resultados eleitorais foram publicados", referiu.

Instado a pronunciar-se sobre se, segundo o seu ponto de vista, deve se r formado um novo governo, o antigo chefe de Estado guineense, empossado em 2000 e derrubado através de um golpe de Estado a 14 de Setembro de 2003, insistiu no vamente em responder com mais uma pergunta.

"Não foi o Fórum que formou o governo. O Fórum não é 'Nino' Vieira. Ou é 'Nino' Vieira? Nós apoiámo-lo mas não apoiámos o Fórum", afirmou, escusando-se , por outro lado, a comentar a actuação dos cinco ministros e quatro secretários de Estado que os "renovadores" têm no executivo.

No entanto, questionado sobre se, após o III Congresso do PRS, marcado de 08 a 12 de Novembro e em que se apresenta como candidato à liderança, assumir a direcção desta força política os "renovadores" vão permanecer no governo, Kum ba Ialá respondeu que cabe aos militantes tomarem essa decisão.

"Isso é o partido que tem de decidir, porque somos democratas e não é o líder que decide sozinho", respondeu, reafirmando que é candidato e que pretend e reassumir a liderança dos "renovadores", que abandonou após ascender à presidê ncia guineense, após as eleições de 2000.

"Nós somos um partido grande. Crescemos muito e devemos crescer e refor çá-lo cada vez mais, sobretudo a nível da organização, porque nas próximas eleiç ões (legislativas em 2008 e presidenciais em 2009) o nosso principal adversário é o PAIGC, que está destruído. Vamos passear, não vamos correr com ninguém", acr escentou.

O regresso de Kumba Ialá a Bissau foi marcado pela presença de cerca de mil apoiantes, que o aguardaram no aeroporto de Bissau e percorreram depois, a pé, os cerca de oito quilómetros até à sede do partido, de onde seguiu directame nte para a sua residência.

27.10.06

PARA REFLECTIR

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Os dados apresentados em Bissau pela UNICEF provam que a luta contra a SIDA em na Guiné-Bissau (e em África) está a falhar. Há que encontrar formas alternativas de combate ao flagelo, que se conjuguem às convencionais. E não me venham com a velha história de que a distribuição de preservativos resolveria tudo. É mentira!

A boa notícia, para lá das estatísticas apresentadas, é que, segundo o representante da UNICEF em Bissau, a partir de hoje estará assegurado tratamento para todas as crianças a quem seja diagnosticada a doença.

NOTÍCIA COMPLETA AQUI

TEXTO ESCRITO HÁ UM ANO ATRÁS SOBRE UMA CRIANÇA GUINEENSE PORTADORA DE VIH (na foto)

26.10.06

ARISTIDES GOMES REÚNE COM PM ESPANHOL

Zapatero recibe mañana (sexta-feira) al primer ministro de Guinea Bissau antes de la mesa internacional de donantes.

El presidente del Gobierno, José Luis Rodríguez Zapatero, recibirá mañana a las 10:00 horas al primer ministro de Guinea Bissau, Arístides Gomes, en el Palacio de la Moncloa para abordar la problemática de la inmigración ilegal subsahariana y analizar la próxima mesa internacional de donantes para este país africano que se celebrará en Ginebra el próximo 7 de noviembre.

sobre o primeiro tema (emigração) Aristides Gomes deverá ouvir por parte do governo espanhol a sua insatisfação acerca do grau de aplicação dos acordos de readmissão de emigrantes ilegais, considerada "insatisfatório" por Madrid.

LER MAIS AQUI

DEBATER O IMPÉRIO, DEBATER O SEU FIM

O ISCTE assinala nos dias 3 e 4 de Novembro através de um encontro internacional de investigadores a passagem de três décadas sobre o fim do império colonial português.

A iniciativa visa pôr em contacto um conjunto de trabalhos de investigação historiográfica surgidos nos últimos anos, contribuindo para ultrapassar o seu carácter segmentado.

Mais informações no CEHCP

CARINHO DE PAPEL E TINTA

Quando o estrangeiro perguntou ao “homi garandi” como sabia o nome e a data de nascimento dos seus 15 filhos ele virou costas sem dar resposta. Entrou na casa de barro cozido ao sol e perdeu-se no interior lúgubre, a cheirar a fumo e humidade.

Voltou com uma pasta debaixo do braço. Puxou o elástico, abriu-a e, como se mostrasse um tesouro, tirou do interior uma folha imaculada com os 15 nomes dos 15 filhos e as suas 15 datas de nascimento. A letra perfeita denunciava o cuidado posto na execução de tão nobre documento.

África é um poço de surpresas que nunca seca. Dirão: “E o que tem de mais essa folha?” Ela dá conta da existência de 15 pessoas. Só isso. E foi escrita com um cuidado e carinho que um Conservador de Registo Civil jamais conseguiria. Só isso.

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23.10.06

BREGEIRICES E CANSAÇOS

Os comentários à entrevista de Aristides Gomes, deixados no site do Correio da Manhã, demonstram duas coisas:

1 - O baixo nível intelectual da maioria das pessoas que por lá passaram a opinar;
2 - A imagem dos políticos guineenses.

Acerca do primeiro aspecto não vou alongar-me muito. Basta dar uma saltada AQUI e perceber-se-á o que digo.

Já quanto ao segundo ponto… é pena que assim seja. Quando a Guiné-Bissau tiver a dirigi-la gente credível, honesta e com verdadeira vontade de alterar o actual rumo das coisas, talvez já ninguém esteja disposto a ajudar. O Donor Fatigue (expressão do cooperaloguês) é já uma realidade face à Guiné-Bissau e um mal que cresce a cada dia que passa. Oxalá a próxima mesa redonda seja um sucesso.

GOVERNO GUINEENSE FAZ LOBBY

Aristides Gomes, PM guineense, anda pela Europa a angariar dinheiro para a mesa redonda, que (se espera) será em breve.

Ao CORREIO DA MANHÃ, o chefe do executivo garantiu, entre outras coisas, que "muita coisa está a mudar" na Guiné-Bissau desde que ele tomou as rédeas do país. "Estamos a fazer um esforço enorme em relação à realidade financeira para que o país ultrapasse as dificuldades." As palavras do seu ministro das finanças ("O país está falido"), há uma semana atrás, deixam antever um futuro de incertezas.

PARA LER AQUI

21.10.06

O OUTRO LADO DA EMIGRAÇÃO CLANDESTINA II

A crer no destaque dado pelos média portugueses, muita gente ficou admirada com o facto de pelo menos 13 desportistas guineenses não terem regressado ao país, após participação nos Jogos da Lusofonia.

Ora a situação agora relatada pela LUSA não é nova. A novidade talvez seja o número 13. Neste caso número da sorte para estes jovens, que viram na Europa uma oportunidade de fugir às (péssimas) condições de vida que os governantes do seu país lhes oferecem (Oxalá tenham sorte.). E isso não é novidade. E não devia espantar tanta gente. A grandessíssima maioria dos jovens guineenses teria feito o mesmo. E eu, se fosse jovem e guineense, também o faria, porque este é um país que não oferece futuro a quem tem todo o futuro diante dos olhos.

Situações como esta são comuns com jovens. Até mesmo com mais velhos. Lembro-me de há dois anos o representante de determinado ministério a uma determinada Feira na FIL, em Lisboa, ter confessado a um amigo meu, em surdina, antes de partir: "Eu já não volto." Em todos os encontros de juventude no estrangeiro há sempre um número de jovens que lá ficam. Os bolseiros que saem ficam. Os funcionários públicos que participam em acções de formação ficam. Os desportistas que participam em encontros internacionais ficam. Não todos, que sempre existe quem goste da sua terra e queria voltar. Mas uma larga maioria sim.

Os passaportes de trabalho (não sei se é o nome correcto), os vistos de trabalho, de estudo, etc, são o método mais fácil de emigrar e muita gente os utiliza para sair da Guiné-Bissau e de África. Os estados europeus e africanos sabem-no.

Notícia completa para ler AQUI

16.10.06

O OUTRO LADO DA EMIGRAÇÃO...

... que explica muita coisa do fenómeno "emigração clandestina" e porque é ela incentivada em África (pelas famílias, pelos governos...).

"Los inmigrantes envían a sus países una media de 10.000 euros al año."

Son como las hormigas, constantes y tenaces para asegurarse el sustento. Los inmigrantes trabajan con tesón, prolongando en muchos casos las jornadas o alternando diferentes oficios, para conseguir los máximos ingresos con los que sostener a sus familias. Su situación laboral, es por lo general, precaria y sus sueldos casi siempre cortos, pero a base de vivir de forma austera y con toda clase de privaciones, una mayoría de los más de 20.000 inmigrantes residentes en Extremadura es capaz de ahorrar algún dinero con el que ayudar a las familias que dejaron en sus países de origen.

CONTINUAR A LER

ALGUNOS DATOS
El cliente de los establecimientos de remesas, responde al siguiente perfil: varón, de 25 a 35 años, que manda dinero de nueve a doce veces al año, a razón de entre 300 y 500 euros en cada ocasión y con cantidades 'extra' en julio-agosto y diciembre.

A ARTE EFÉMERA, por Fernando Alves

À medida que a guineense “Internet às Pinguinhas” me permite, vou pondo em dia todos os Sinais (crónica diária de Fernando Alves, na TSF) perdidos desde Julho.

É daí que me chega este magistral texto, crítico da vacuidade na (e da) arte (e da vida que cada vez mais nos satisfaz). Transcrevo partes desse texto, com a devida vénia, e deixo o link, para quem quiser escutar. AQUI.


“As notícias são ambas do fim de Agosto mas escapam ao caudal excrementício da chamada estação estúpida. Não pela mesma ordem de razões que explicam a merecida perenidade do Soneto Asqueroso, de Bocage, mas pelo modo como espalham um certo perfume do tempo.

Trata uma delas da sanduíche mordiscada e abandonada num restaurante por Britney Spears e prontamente recuperada por um fan da cantora que a pôs à venda na Internet com base de licitação de 10 dólares.

A arte efémera, moldada pelos molares da princesa da POP, está disponível numa embalagem de plástico fechada por vácuo.

A sanduíche vegetal com ovo e salsicha mordiscada por Britney e Kevin (o marido da cantora) é a vacuidade nutriente. Eis como o ocasional fastio de uma rainha alimenta o apetite de seus súbditos.

(…)
A outra notícia trata de imortalizar o momento em que (como dizem os brasileiros) a filha de Tom Cruise e Katie Holmes largou a janta. O cocó inaugural de Suri, a primeira fêvera fecal, o primeiro fedor da fedelha transformado em escultura (apetece dizer) para apanhar moscas.

A notícia explica que o artista plástico Daniel Edwards esculpiu a sua obra em bronze reproduzindo o primeiro movimento intestinal da pequena Suri. O cagalhãozinho estará exposto numa galeria de Bruklin e depois será leiloado em benefício de obras de caridade.

O autor espera que a obra consiga arrebanhar 30 mil dólares, o que não faz dele senão um efémero Midas, para lá de que seria dolorosa evacuar em bronze. Seja como for a arte tem as costas largas.

(…)
De tanto metermos a cabeça na sanita mediática a casa de banho dos famosos pode de repente ser a nossa mesa. Ou, dito de uma forma mais rude, demasiadas vezes aceitamos toda a merda que nos dão. E quando calha ainda pagamos.”

13.10.06

GAFANHOTOS VOLTAM A ATACAR PAÍSES AO NORTE DA GUINÉ

Plaga amenaza estados del norte y el sur africano

Argelia, Mauritania y Marruecos, al norte del Sahara, y Malí y Senegal, al sur, están amenazados hoy por la maldición anual de la plaga de langostas, en ebullición por las lluvias, advirtieron medios especializados.

El medio ideal sigue siendo Mauritania, uno de los países más pobres del mundo, donde los voraces insectos se han desarrollado en los dos últimos meses, acorde con especialistas de la Organización de la ONU para la Agricultura y la Alimentación (FAO).

SABER MAIS

Em Janeiro de 2005 também a Guiné-Bissau sofreu, pela primeira vez, uma invasão desta praga, que destruiu culturas um pouco por todo o país.

12.10.06

PELA UNIDADE SAHARAUI

Assinala-se hoje, 12 de Outubro, o dia da Unidade Saharaui. Para que a luta deste povo a quem Marrocos roubou a terra (mas não a esperança) não seja esquecida, ficam alguns sites:

AGÊNCIA NOTICIOSA DA REPÚBLICA ÁRABE SAHARAUI DEMOCRÁTICA (RASD)

ASSOCIAÇÃO DE APOIO A UM REFERENDO LIBRE NO SAHARA OCIDENTAL

AFAPREDESA - Associação de Familiares de Presos e Desaparecidos Saharauis

RADIO NACIONAL DA RASD

CAIXÕES COM RODAS

Na estrada de Metangula, na província do Niassa, Moçambique, morreram ontem 14 pessoas. 16 ficaram feridas. Todos os dias morrem pessoas nas estradas africanas, no geral, e nas de Moçambique, em particular, portanto, nada de novo no acidente.

Abordo-o apenas porque conheço a estrada e conheço as chapas (carrinhas que fazem de transporte público em Moçambique) que ali circulam. E porque também já lá renasci, depois de o veículo em que seguia ter avariado e posteriormente ter sido abalroado por um camião sem travões. Tinha deixado o local momentos antes, quando o camião matou alguns dos meus companheiros de viagem.

Nas estradas do Niassa circulam os piores carros que existem em Moçambique e talvez em África. Porque o Niassa é uma terra à parte do Moçambique “avançado” vendido pelo seu governo.

Dois dias depois do acidente que por sorte do destino não sofri na estrada de Metangula tive a oportunidade de entrar numa chapa absolutamente sem travões. Quando escrevo “sem travões”, não uso nenhuma figura de estilo, porque a viatura não abrandava quando o motorista carregava no pedal central! O senhor ainda brincou, pisando o pedaço de metal e exclamando: “Patrão! Não tem travão.”

Imagino que duvidem das palavras que acabo de escrever. Se me dissessem que um carro pode fazer centenas de quilómetros diariamente sem travões eu também não acreditava.

No Niassa isso é possível. E é-o porque o Estado moçambicano, como todos os estados africanos é corrupto. Por isso viaturas sem o mínimo de condições são autorizadas a circular, matando inocentes.

Que estas 14 mortes abram os olhos das corruptas autoridades rodoviárias de Moçambique. Que os caixões de quatro rodas sejam proibidos de circular no Niassa.

9.10.06

PROLONGANDO O VERÃO

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18 horas. O ar morno do fim da estação das chuvas é um sopro que me traz à memória as tardes de Julho do meu país: Alentejo.

Nesta hora refrescante de pré-crepúsculo, relembro o prazer supremo de qualquer alentejano (não sou excepção): o convívio do fim do dia.

Em Julho, quando o mercúrio trepa na escala centígrada dos termómetros agarrados à cal, a fadiga e o suor desfazem-se, também às 18h, numa “mine fesquinha”, “regada” a orelha de coentrada, pão cascarrudo, queijo de ovelha ou carne do alguidar…

A brisa morna de hoje, que arrefece o corpo após um dia quente e húmido, traz à memória um Verão já distante e prolonga em mim esse mesmo Verão. Tremendo egoísmo, sei, agora que o Outuno arrefece o ar da minha terra e onde alguns de vós acedem a este escrito.

O último Verão, onde apenas por uma breve tarde pude saborear o refrescante vento alentejano de fim de dia, soube a pouco e por isso o estico agora, na varanda, em tronco nu, permitindo que mosquitos oportunistas envenenem de malária o sangue que me dá vida. Revivo o Verão, dilato-o sem mines nem petiscos. Apenas com vento e fantasia.

Os gritos estridentes das crianças que ao longe, também em tronco nu, jogam futebol, são as gargalhadas dos amigos que ao fim da tarde enchem a esplanada. O kuduro, debitado nas redondezas por um qualquer tijolo musical importado da Europa, é o cante alentejano, desgarrado depois de uns bons copos mandados abaixo. Em África, pensando no Alentejo. As duas melhores terras do mundo!

COMO QUE A CORROBORAR O QUE ESCREVEMOS NO POST ANTERIOR...

Senegal pretende terminar con las repatriaciones a finales de octubre
NotíciaLA OPINION DE TENERIFE

El rotativo senegalés L´Observateur ha afirmado, en un reportaje dedicado a la emigración clandestina de ciudadanos de ese país hacia Canarias, que las repatriaciones se mantendrán hasta el 26 de octubresegún han hecho saber fuentes del Ejecutivo de Abdoulaye Wade.

7.10.06

A COBARDIA DO VALENTÃO

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Wade, presidente do Senegal tem as calças sujas. O homem que pretende ser o patrono de toda a África Ocidental (e talvez arredores) está com medo e isso lê-se no que o texto anterior refere, mas não diz claramente!

O chefe de Estado do antro aqui de cima meteu-se a fazer acordos com Espanha e França para que estes países repatriassem a sua gente emigrada, e agora teme a factura (apresentada nas próximas eleições, leia-se).

Por isso solicita que despachem a mercadoria humana vinda da Europa para Saint Louis, no norte, longe de Dacar, dos meios de comunicação, das casas desses mesmos emigrantes.

Na pequena cidade, na pista do pequeno aeroporto, que fica ainda a uns bons quilómetros do centro, dá-se menos nas vistas e corre-se menos riscos de acontecer o que aconteceu em Hann, nos arredores de Dacar, aquando do primeiro repatriamento de senegaleses, em Março: a população do bairro manifestou-se, amotinou-se nas ruas, queimou pneus e apedrejou a polícia, exigindo que o Senegal não aceitasse nem mais um dos seus filhos de volta.

Para as famílias senegalesas, a partida dos seus mais novos é uma esperança para o futuro. Elas participam (e comparticipam) nesse projecto arriscado de embarcar nas pirogas da fortuna. É natural, por isso, que se sintam frustradas e vexadas ao vê-los regressar, passados poucos meses, com 10.000 XOF (15 Euros) no bolso.

É este vexame que faz Wade (e outros políticos africanos que nesta altura beijam dirigentes europeus) tremer, pois sabe que as eleições se aproximam (estavam agendadas para 2007, mas parece-me que já foram adiadas para o ano seguinte). A factura destes acordos pode vir a ser cobrada nessa altura.

A ver vamos se em vésperas de eleições Wade e outros políticos africanos terão coragem de aceitar repatriamentos. Se agora, com as eleições a alguma distância, solicitam que os aviões que efectuam as operações de repatriamento aterrem, discretos, de noite ou madrugada e em aeroportos secundários, como será depois? E há ainda a possibilidade de, chegadas as eleições, Wade despachar esses mesmos aviões para países vizinhos, de forma a passarem ainda mais despercebidos os repatriamentos. Oxalá não seja o vizinho do sul o escolhido.

O DESTINO DOS REPATRIADOS

Canarias-Saint-Louis de Senegal

Cada semana llegaron un montòn de inmigrantes al pobre Aeropuerto de San Louis de Senegal.

Una vez en San Louis,estas personas desesperanzadas no van a recibir como regalo sino 10 000 francos cf, un sand witch y humillaciones al lado de la policia y siendo liberados para que cada uno intenta buscar un coche que pueda conducirle a su ciudad...

Ellos llegan a su familia creado un clima triste.No olvidemos que estos chicos llevaron unos dìas en el mar padeciendo de hambre y sed frente a los ojos de las enfermedades y sobre la sombra de la muerte.

Les conozco bien a estos chicos senegaleses: no son vagabundos ni bandidos;sòlo evitan el hambre y la explotaciòn de los politicos africanos que reparten los bienes de la repùblica.Estos chicos estàn allà para buscar trabajo para mantener a sus familias.

Lo màs triste es que las autoridades africanas aprovenchan de esta situaciòn para ligar acuerdos con España y proponer planes o proyectos que van a utilizar ellos mismos con una manera egoista o financiar actividades politicas dejando a la clase baja del pueblo morir de pobreza.

La unica causa de la inmigraciòn clandestina es las autoridades africanas.La unica soliciòn cambiar de tipo de autoridad en Africa...

NO se! no se porque el otro lado no recibe sino mentiras porque los politìcos africanos estàn corriendo hacia las conferencias internacionales y invadiendo los medios de comunicaciones para poner un velo negro entre la gente y la realidad para poder seguir la explotaciòn

Amadou Ba

RETIRADO DAQUI

5.10.06

SÓ NA PAZ HÁ VIDA

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Na estrada S. Domingos-Varela, no local onde a 16 de Março sete ou oito pessoas morreram (mais tarde o número elevou-se a 15), ainda jaz a candonga que naquele dia pisou uma mina.

As rodas, motor, peças foram roubadas! Ficou a carcaça e as roupas de quem pagou com a vida uma guerra que não era sua.

A comunidade católica de Suzana (à qual pertenciam algumas das pessoas que viajavam na carrinha) colocou no local uma cruz com uma inscrição que relembra o acidente.

Hutyk Iaabuj
Kassuumai Iaroñen Keb

A guerra mata
Só na paz há vida
16-03-06

4.10.06

Imigração: Polícia Guiné-Bissau desmantela rede com 109 indianos e paquistaneses

Notícia LUSA

A polícia guineense desmantelou uma rede de 109 pessoas, na quase totalidade indianos e paquistaneses, que acredita serem candidatos à imigração clandestina para a Europa, servindo-se da Guiné-Bissau como ponto de partida, disse hoje fonte governamental.

Em declarações à Agência Lusa, o secretário de Estado da Ordem Pública guineense, Mamadu Saico Djaló, indicou que a operação de desmantelamento da suposta rede de imigração ilegal ocorreu no último fim-de-semana, envolvendo polícias e militares.

Segundo o secretário Estado da Ordem Pública, que depende do Ministério do Interior, a polícia começou a suspeitar quando deu conta da entrada "anormal" no território guineense de cidadãos do sudoeste asiático, nomeadamente paquistaneses e indianos.

Trata-se da primeira vez que a polícia guineense intervém para desmantelar uma alegada rede de imigrantes clandestinos do sudoeste asiático, quando tudo apontava para que o problema estivesse apenas relacionado com candidatos de origem africana.

Desconhece-se, contudo, se no passado a alegada rede já operava na Guiné-Bissau.

Os alegados candidatos à imigração clandestina, num total de 109, anunciavam à chegada no aeroporto de Bissau que vinham desenvolver actividades comerciais, quando se verificou, depois, que, de facto, tinham "outras intenções", assinalou Saico Djaló.

De acordo com o chefe operacional da polícia guineense, os indivíduos anunciaram que iriam residir em hotéis, quando, na realidade, viviam em casas alugadas nos subúrbios de Bissau, concretamente no bairro de Antula Bono, na zona leste da capital.

Inicialmente, os candidatos à imigração, chegados ao país de avião, afirmavam às autoridades de Bissau que vinham como comerciantes, obtendo o visto de permanência à entrada, havendo casos de alegados empresários que afirmavam estar envolvidos no negócio do caju, cuja produção é, tradicionalmente, exportada para a Índia.

Segundo a polícia, os suspeitos entravam, primeiro, em pequenos grupos de cinco a seis elementos e, mais tarde, com 30.

No entanto, o governante guineense não explicou a forma como os suspeitos pretendiam abandonar o país em direcção à Europa.

Alertada pelos populares, que consideravam "anormal" o facto de várias pessoas de ascendência asiática estarem a habitar a mesma casa em condições "infra-humanas", a polícia interveio com a ajuda do Exército.

Na operação foram capturados documentos e recolhidos depoimentos dos integrantes do grupo, realçou Saico Djaló, que acrescentou: "facilmente se percebeu que são candidatos à imigração ilegal, com destino à Europa".

"Alguns dos jovens do grupo, com idades entre os 20 e os 23 anos, disseram-nos que foram enganados pelos «cabecilhas», que lhes garantiram que seriam levados para a Europa contra o pagamento de dinheiro", disse Saico Djaló, que não especificou o montante.

Os "cabecilhas" do grupo seriam um paquistanês, um indiano e dois guineenses, todos também detidos e já sob custódia da polícia, precisou o responsável governamental, que não adiantou os nomes.

Instado sobre a situação actual dos restantes elementos do grupo, Saico Djaló disse que se encontram em regime de residência vigiada na casa onde habitavam até serem descobertos pela polícia.

Sobre a possibilidade de uma acção de repatriamento, afirmou que o governo ainda não tomou qualquer medida nesse sentido, não adiantando sequer se tal será discutido em breve.

No entanto, Saico Djaló considerou que existem "organizações mafiosas" que estão a aproveitar-se do facto de a Guiné-Bissau ser um país com "fronteiras vulneráveis" para entrar com candidatos à imigração clandestina em direcção à Europa.

"Não temos ciúmes de outros países que estão a contar com os apoios logísticos da Europa, nomeadamente da Espanha, como são os casos de Cabo Verde, Senegal, Mauritânia ou Marrocos, mas nós não temos apoios nenhuns nessa tarefa difícil que é o combate à imigração clandestina", afirmou Saico Djaló.

3.10.06

OS INDÍGENAS FILHOS DA REPÚBLICA

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França decidiu actualizar as pensões dos antigos combatentes africanos. A decisão foi provocada pelo filme “Indígenas”, que comoveu Chirac (o presidente haveria mesmo de reconhecer que os antigos combatentes eram “Filhos da República”). Villepin, por seu lado, considerou que a medida é tardia.

Uma olhadela por sites francófonos permite dizer que o descongelamento das pensões foi acolhido com reservas por parte dos antigos combatentes. Se por um lado afirmam que “mais vale tarde que nunca”, por outro referem que “a valorização das pensões é mínima e fica aquém do merecido”.

No total, cerca de 84 000 antigos soldados (57 000 reformas e 27 000 pensões de invalidez) de 23 países beneficiarão deste ajustamento.

Mas a medida de Chirac não é totalmente desinteressada. Como referia na Quinta-feira na edição portuguesa da RFI certo analista, “muitos dos filhos e netos destes homens vivem hoje em França, emigrados. E votam! Apesar de esta não ser uma fatia de eleitorado muito significativa, nesta coisa da democracia todas as migalhas contam. Migalhas também são pão.”

Portugal tem no gesto da França uma oportunidade de corrigir uma injustiça. É uma obrigação que deve aos seus antigos soldados coloniais, que ficaram esquecidos no mato e hoje vivem, grande parte, na miséria. Como disse Chirac frente aos seus ministros, “a França teve um acto de justiça e de reconhecimento para com todos aqueles que combateram sob a nossa bandeira. Devemo-lo a estes homens, que pagaram com o seu sangue, e aos seus filhos e netos, muitos dos quais são franceses.” Sócrates pode inspirar-se nestas palavras, para um dia não ter que dizer, como disse Villepin, que “a reparação da injustiça é [será] tardia.”

Aliás, o peso da injustiça já deve pairar na consciência do PM português. Em Julho, quando viajou a Bissau para participar na Cimeira da CPLP, Sócrates passou por uma manifestação de ex-combatentes, mesmo à saída do aeroporto, que de bandeira verde-rubra em punho exigiam aquilo que lhes é devido. Interpelado pelos jornalistas, o PM referiu “não ter visto manifestação nenhuma.” Cegueira política.

AD INAUGURA NOVOS PORTAIS

Para celebrar os 2 anos de presença na web, o site da AD recebe hoje uma nova imagem e inaugura 3 novos sites: um portal sobre a Guiné-Bissau, dando a conhecer os aspectos mais importantes a nível histórico, social cultural, e geográfico, um portal para a Rede Nacional das Rádios Comunitárias da Guiné-Bissau (RENARC) e um portal para a Escola de Artes e Ofícios (EAO).

Convidamo-vos pois a conhecer o novo rosto do site da AD (www.adbissau.org) e a desfrutar de novas informações, do Simpósio Internacional sobre a Memória de Guiledje, a conhecer cada uma das vinte e cinco rádios comunitárias da Guiné-Bissau, a ver pela primeira vez os painéis extraordinários do pintor Augusto Trigo, os postais da Guiné colonial e a organização dos cursos profissionais da Escola de Artes e Ofícios de Quelele.

PARA SABER MAIS

Portal Escola de Artes e Ofícios

Portal da Rede Nacional de Rádios Comunitárias

Portal Guiné-Bissau

IIº Fórum de Estudantes Guineenses do Ensino Superior em Portugal

Coimbra, 13 a 15 de Outubro de 2006

A Cidade de Coimbra vai acolher nos próximos dias 13, 14 e 15 de Outubro próximo, o “IIº Fórum de Estudantes Guineenses do Ensino Superior em Portugal”. Uma iniciativa conjunta da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal, através do Departamento de Apoio aos Estudantes e as Associações de Estudantes guineenses.

Com o objectivo principal de proporcionar a participação de todos os actores no domínio do Ensino Superior, na discussão inclusiva dos principais problemas com quais deparam os estudantes guineenses em Portugal, este ano o Fórum incidirá o seu olhar sobre a política de enquadramento, valorização e potencialização dos quadros guineenses, formados tanto no estrangeiro como na Guiné-Bissau.

Para mais informações, contactar:

EMBAIXADA DA GUINÉ-BISSAU EM PORTUGAL

Dep. Apoio ao Estudante

Rua da Alcolena, Nº 17-A

1400-004 Lisboa

Tel: 213009081; Tlm: 968165525

Tlm: 967781520 / 964077368

2.10.06

EM VARELA NÃO HÁ NADA

Não recebe turistas, por estes dias, Varela. Só os da terra, loucos ou bichos se aventuram pelos 65 quilómetros de lama que separam esta pobre tabanka da cidade de S. Domingos, bafejada pela sorte do asfalto. Como se não bastassem os milhões de buracos, para separar Varela do mundo, um irresponsável mandou abaixo a ponte de Cassolol, transformando a região numa ilha de onde se sai apenas a pé, de bicicleta ou de motorizada. Para lá da ponte existe o luxo da caixa traseira de uma ou duas breves camionetas, que ligam Cassolol a S. Domingos.

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Em Varela não há nada, para além de arroz e peixe (a comida de todos os dias) e conformismo. A população, isolada desde Agosto, ainda não foi a Bissau, porque os transportes são poucos e o preço para chegar aos frescos gabinetes da Praça é alto. Também não recebeu a visita de nenhum representante do governo central, que o caminho só dá para os da terra, loucos ou bichos e eles não se enquadram em nenhuma das categorias!

Em Varela também não há imigrantes. Por estrada tão longa é impossível chegar gente aos magotes. Já ali passaram clandestinos, é certo, uma vez ou duas, poucos. Desde então nunca mais, garantem os da terra. Por isso não percebem o "ACUDAM" dos seus governantes, lá longe, em Espanha (onde quer que isso seja) nem as visitas dos jornalistas.

Em Varela não há nada, para além de arroz e peixe. Nem arame ou lata, para as crianças fazerem carrinhos de brincadeira e sonho. Os carrinhos dos mais novos fazem-se agora com uma caixa de medicamentos, dos que chegam pela mão das irmãs católicas de Suzana (só elas ou o padre se aventuram pelo lamaçal – não são da terra, nem são bichos. São loucos!). Uma caixa de medicamentos vazia faz a vez de habitáculo, dois pauzinhos imitam os eixos e seis limões são as rodas.

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Qual a marca destes carrinhos?, pergunto às duas crianças que os trazem presos por cordel (ainda há cordel em Varela!). Chamam-se “Utopia”, respondem. E onde vão?, insisto. À ponte de Cassolol. Vão levar as mulheres grávidas e doentes à candonga que as espera do outro lado. Na volta trarão todos os que poderão (poderiam) fazer algo por Varela. Para essas pessoas verem como não há nada aqui. Por isso o rodado traseiro dos nossos carrinhos é duplo. Para trazer muitas pessoas, respondem.

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O camião ainda jaz nas águas do ribeiro. Ao condutor, nem uma multa, uma ida a tribunal para se explicar, a reparação dos estragos sequer. A irresponsabilidade ficou por pagar. Ou melhor, está a ser paga pelos habitantes de Varela.

O ESPANHOL DE BISSORÃ

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Deliciosa estória de um guineense que não se iludiu com a fria Europa. Publicada pelo ABC.

Para ler AQUI.

Emigração 'é para ricos', dizem jovens de Guiné-Bissau

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Reportagem e foto LUSA, publicadas na LUSA BRASIL

José Sousa Dias, Varela, Guiné-Bissau, 30 Set (Lusa) - Os jovens de Varela, no extremo noroeste de Guiné-Bissau, não querem ouvir falar da emigração clandestina para a Europa e, embora saibam que muitos africanos tentam dessa forma a sua sorte, afirmam que "isso é para os ricos".

"Nós aqui não temos nem dinheiro para comer, como poderíamos ter dinheiro para uma aventura dessas? Isso é tudo falso", afirma à Agência Lusa o jovem Omar Sambu, carpinteiro, pescador, comerciante e eletricista, mas desempregado.

Extremamente pobres, falando entre eles em francês, uolof (idioma senegalês), flupe (ou njola, dialeto local) ou ainda em dialetos guineenses - poucos são os que falam português -, os moradores nem sorriem quando perguntados se Varela se tornou num dos pontos de partida para as novas rotas da imigração clandestina.

Isolados

"Não há dinheiro para nada. Não há dinheiro a circular em Varela. Não há comércio. Os hotéis estão todos fechados e em ruínas. Só comemos o que os pescadores nos trazem, que trocam pelo arroz que os agricultores cultivam", lamenta-se à Lusa Landim Sadjo, o presidente do Comitê de Estado de Varela.

Varela é hoje uma povoação triste, desoladora e isolada, com cerca de 50 pescadores que ainda confiam no mar generoso e, sobretudo, em Deus.

"Dieu est avec nous (Deus está conosco)" é o nome de uma das mais de duas dezenas de pequenas embarcações (foto), cavadas em espessos troncos de árvore, em que diariamente os pescadores vão ao mar para garantir o alimento de subsistência, que se juntará, mais tarde, aos recolhidos da terra.

No cargo desde a independência formal de Guiné-Bissau, em 1974, Sadjo diz que as razões da miséria são sempre as mesmas: conflitos militares, irresponsabilidade do poder central de Bissau e a infelicidade que é residir fora da capital guineense, que não tem um único médico nem um enfermeiro, sendo que o mais próximo está em São Domingos, 55 quilômetros para o leste.

Varella é acessível apenas pela estrada que parte de São Domingos, no entanto, percorre-la atualmente seria um verdadeiro inferno, pois a passagem está inundada com as águas das chuvas.

Para agravar ainda mais a situação, a ponte de madeira que liga o trecho de cerca de 20 quilômetros entre Varela e a cidade de Susana foi destruída após um acidente com um caminhão carregado de arroz para a população local, deixando a estrada inutilizada "até que alguém se lembre" de repará-la.

"Já avisamos as autoridades de São Domingos, que disseram que iriam avisar Bissau. Mas até hoje não se obteve resposta. Vai assim ficar até alguém se lembrar", lamenta Landim Sadjo, recordando que a situação já era difícil com as minas terrestres colocadas em abril pelos rebeldes de um movimento separatista senegalês.

Segundo Sadjo, durante dois meses não foi possível circular naquela via, uma vez que haviam minas terrestres e só depois da explosão de uma delas, que atingiu 14 dos 30 civis que seguiam na "candonga" (viatura de transporte de passageiros), é que as minas começaram a ser retiradas.

Europa

Há cerca de três meses e meio um baro chegou à Praia de Varela. "Eram clandestinos, sem dúvida. Eram mais de 40 e vinham numa canoa à deriva que deu à costa. A canoa foi reparada e seguiram depois viagem, apesar dos esforços do chefe Feliciano em tentar convencê-los da loucura", afirma Omar, filho de uma das duas policiais que trabalham com o "herói" de Varela, o policial "chefe" Feliciano.

As versões sobre o que é chamado "incidente" em Varela são contraditórias e Sadjo garante que não havia guineenses a bordo. "Ouvimos aqui a rádio senegalesa, que dá grande destaque aos clandestinos. Sei tudo o que se passa em Varela e posso garantir que nada se passa aqui de estranho", afirma o presidente do Comitê de Estado de Varela, que "acha" que tem cerca de 75 anos.

Pap Coli (foto), pescador senegalês de Diène (Casamança, sul do Senegal), vive na praia de Varela há mais de uma década e se recusa a falar sobre embarcações clandestinas. Ele alega não saber de nada do incidente e afirma não entender "como é possível aventurarem-se em pequenas embarcações para a Europa".

O pescador, que diz conhecer bem a costa desta região do Atlântico, afirma que os ventos e as correntes marítimas obrigam a um grande esforço de navegabilidade, pois, nesta época do ano, seguem em direção ao continente americano e não à "tal Europa".

Todos os entrevistados pela Lusa, sobretudo entre a comunidade dos pescadores da Praia de Varela, são bem informados sobre a localização exata das ilhas espanholas das Canárias, embora recusem pronunciar a palavra.

Varela, a pouco mais de quatro quilômetros da fronteira com o Senegal, congrega 14 povoações, tem cerca de cinco mil habitantes, 500 a mais do que há 10 anos. O posto da polícia desabou e o comando é agora na casa de um dos três policiais da povoação, no quarto de seu filho.

30.9.06

PRESOS NA PRÓPRIA TERRA

Isidoro Cabral, professor da Universidade de Sevilha, coloca o dedo na ferida. E ela arde que se farta! O texto publicado no Diário de Sevilha é dos mais elucidativos acerca da forma como o fenómeno da imigração ilegal está a ser tratado pelos dirigentes Europeus e africanos. Com imensa “demagogia”.

Depois de descascar na direita europeia e de afirmar que a luta contra o problema se assemelha a uma nova “cruzada” (“o perigo da invasão dos bárbaros que vêm do Sul”), o professor ironiza:

“[Por um lado afirma-se que] ‘aqui não cabe mais ninguém’ enquanto que na imprensa inglesa, alemã e nórdica se continuam a oferecer casas para que os reformados destes países desfrutem das nossas costas e sejam operados nos nossos hospitais públicos, porque é muito mais barato que na sua terra.”

O analista andaluz mostra-se ainda indignado com as palavras de dirigentes políticos espanhóis:

“Acabam de prometer, desde as suas altas responsabilidades políticas, mais barcos de guerra para patrulhar, não as nossas costas da Andaluzia ou das Canárias, mas antes as costas da Mauritânia, do Senegal ou da Guiné – para converter África num presídio? – e mais dinheiro para convencer os governos africanos a violar o artigo 13.2 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que diz que ‘toda a pessoa tem o direito de sair de qualquer país, inclusive o seu, e de regressar ao seu país’”.

As entrelinhas do texto são claras. Os africanos estão detidos na sua própria casa. O cárcere é antigo e desenrolava-se por diversas vias, não oficializadas. Hoje é executado por navios e helicópteros europeus, de forma solene e publicitada, e (pasme-se!) tem o aval dos dirigentes africanos. Os mesmos que se dizem “herdeiros dos libertadores do colonialismo”. Se esses libertadores cá voltassem arrepiavam-se concerteza (e morreriam de súbito)! Não apenas com isto.

27.9.06

ENCERRADO ATÉ SÁBADO

Motivo: ida a Varela para conhecer e entregar ao senhor Feliciano as reportagens com fotos do El País e ABC.

FELICIANO POLÍCIA

O senhor Feliciano virou estrela. Se ao menos as luzes da ribalta servissem para que o salário lhe fosse pago ao fim do mês...

Para ler AQUI.

26.9.06

VARELA NAS BOCAS DO MUNDO

O jornal espanhol El Pais enviou um jornalista à Guiné-Bissau. Varela volta a ser notícia.

Para ler:
Sólo un policía en la ruta de los cayucos

22.9.06

IMIGRAÇÃO FAZ UNIÃO EUROPEIA VIVER CONFLITO NORTE-SUL

Notícia REUTERS BRASIL
LINK

Países do norte e do sul da União Européia entraram em choque nesta quinta-feira por causa do controle da imigração ilegal da África, com a Espanha sendo acusada de incentivar o afluxo de estrangeiros ao continente.

Mais de 24 mil africanos chegaram apenas este ano ao litoral das ilhas Canárias (território espanhol na costa da África), o quíntuplo do registrado em todo o ano de 2005. Centenas ou talvez milhares de imigrantes clandestinos morreram na travessia, segundo as autoridades. Outros chegam à Europa por Malta e pela Itália.

A Comissão Européia (poder Executivo da UE) faz repetidos apelos por cooperação, mas uma reunião de ministros dos 25 países do bloco resultou em discordâncias na Finlândia.

"Não é uma solução legalizar os ilegais, como foi feito na Espanha. Isso de certa forma 'puxa' as pessoas na África, como infelizmente vimos nos últimos meses", disse a ministra austríaca da Justiça, Karin Gastinger, a jornalistas.

Em 2005, a Espanha anistiou cerca de 600 mil migrantes ilegais. A ministra holandesa da Imigração, Rita Verdonk, disse que decisões como essa só servem para incentivar o tráfico humano.

Mas o ministro espanhol da Justiça, Juan Fernando López Aguilar, disse que os africanos emigram porque são pobres e famintos, não porque um país da UE mudou as regras de migração.

Ele pediu "dinheiro, recursos, meios e determinação" da UE para combater o problema, mas vários países do norte do bloco consideram que não devem pagar por isso.

"Quem quer resolver problemas precisa parar de pedir dinheiro aos outros", disse o ministro alemão do Interior, Wolfgang Schaeuble.

Malta e Itália também pediram ajuda, lembrando que numa Europa sem fronteiras muitos imigrantes cruzam seus territórios apenas para chegarem a outros países da UE.

Mas seus parceiros até agora destinaram apenas dois barcos, um avião e alguns especialistas para as alardeadas patrulhas conjuntas destinadas a conter a imigração nas Canárias.

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