20.6.08

O POTENCIAL DA RÁDIO SUB-APROVEITADO ou CEGUEIRA POLÍTICA?

Quando vou ao Senegal deparo-me, regularmente, com senegaleses que “arranham” o português. Aparentemente há uns milhares largos de estudantes da língua de Camões, que é opcional no ensino secundário senegalês.

Quando entro nos restaurantes senegaleses ouço, muito regularmente, música cabo-verdiana e guineense a passar. O mesmo acontece quando sintonizo rádios senegalesas.

Quando estou em Freetown (Serra Leoa, país anglófono) ouço a RFI emitir, em francês, 24 horas por dia. Na Guiné (Conakry, país francófono) ouço a BBC emitir, em inglês, 24 horas por dia. Em alternativa posso ouvir a BBC em francês, retransmitida em rádios locais; ou, da mesma forma, a RFI em inglês.

Posto isto pergunto? Pode considerar-se falta de visão o facto de quem é pago para (supostamente) promover a lusofonia não apostar na RDP-África como forma de divulgar a língua de Camões neste continente?

Ousadia (e visão) seria alguém no Instituto Camões – essa senhora Entidade que serve para a promoção… de quê!? - criar emissões radiofónicas em português com vista a serem difundidas em rádios de países africanos francófonos e anglófonos.

Ousadia (mais ainda) seria o governo português criar uma edição francesa e inglesa no seio da RDP-África, para retransmitir através de rádios locais noutros países africanos.

O cúmulo da ousadia seria o o governo português ter “tomates” (desculpem!) para plantar antenas da RDP-África em países (ditos) estratégicos para a política lusa em África, como o Senegal, a África do Sul e (talvez) os Congos.

Não sou adepto fervoroso da lusofonia (muito menos de Portugal e da portugalidade), mas se fosse veria e iria – desculpem a imodéstia – mais longe do que muita gente, que é paga para promover a lusofonia, vê e vai.

4 comentários:

septuagenário disse...

A cegueira crónica dos politicos portugueses na não preservação da lingua, por lugares por onde se andou, é uma infeliz tradição histórica,ao ponto de na Guiné-Bissau, com uma pequenissima ajuda, viria a salvar um idioma que já quase não existe.

Anónimo disse...

Para entendermos plenamente o último parágrafo deste post, seria útil que o blogger esclarecesse quais os seus conceitos de:
- Lusofonia
- Portugal
-Portugalidade
E que nos explicasse como é que um alentejano bondoso e bem disposto que anda à solta pelo mundo, poderia deixar de transportar consigo a cultura que o gerou e o modelou.

Jorge Rosmaninho disse...

Caro "anónimo", o alentejano bondoso tem um blog (bem identificado) onde escreve, publica fotos, conta estórias e dá opiniões (sempre identificado). Das suas palavras antevejo que é um dos incompetentes que ganha a vida a não fazer nada pela língua que fala. Eu, pela minha parte, nunca reneguei nem deixei de "transportar comigo" a cultura que me "gerou" e "modelou". Apenas dou o meu (humilíssimo) contributo para que políticas mais eficazes possam fazer crescer a (dita) lusofonia. Quer mais patriotismo que este? Obrigado por ser leitor do Africanidades.

PS. Para a próxima tenha "tomates" (desculpe). Identifique-se.

Sandra Claudino disse...

Jorge, tou contigo.
Somos poucos, mas somos genuínos.
Bjos