26.10.06

CARINHO DE PAPEL E TINTA

Quando o estrangeiro perguntou ao “homi garandi” como sabia o nome e a data de nascimento dos seus 15 filhos ele virou costas sem dar resposta. Entrou na casa de barro cozido ao sol e perdeu-se no interior lúgubre, a cheirar a fumo e humidade.

Voltou com uma pasta debaixo do braço. Puxou o elástico, abriu-a e, como se mostrasse um tesouro, tirou do interior uma folha imaculada com os 15 nomes dos 15 filhos e as suas 15 datas de nascimento. A letra perfeita denunciava o cuidado posto na execução de tão nobre documento.

África é um poço de surpresas que nunca seca. Dirão: “E o que tem de mais essa folha?” Ela dá conta da existência de 15 pessoas. Só isso. E foi escrita com um cuidado e carinho que um Conservador de Registo Civil jamais conseguiria. Só isso.

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1 comentário:

Anónimo disse...

O estrangeiro (sem desmerecer a poesia e beleza inerentes ao fato exposto), aconselhou-o a ir a uma conservatória?