Notícia LUSA
A polícia guineense desmantelou uma rede de 109 pessoas, na quase totalidade indianos e paquistaneses, que acredita serem candidatos à imigração clandestina para a Europa, servindo-se da Guiné-Bissau como ponto de partida, disse hoje fonte governamental.
Em declarações à Agência Lusa, o secretário de Estado da Ordem Pública guineense, Mamadu Saico Djaló, indicou que a operação de desmantelamento da suposta rede de imigração ilegal ocorreu no último fim-de-semana, envolvendo polícias e militares.
Segundo o secretário Estado da Ordem Pública, que depende do Ministério do Interior, a polícia começou a suspeitar quando deu conta da entrada "anormal" no território guineense de cidadãos do sudoeste asiático, nomeadamente paquistaneses e indianos.
Trata-se da primeira vez que a polícia guineense intervém para desmantelar uma alegada rede de imigrantes clandestinos do sudoeste asiático, quando tudo apontava para que o problema estivesse apenas relacionado com candidatos de origem africana.
Desconhece-se, contudo, se no passado a alegada rede já operava na Guiné-Bissau.
Os alegados candidatos à imigração clandestina, num total de 109, anunciavam à chegada no aeroporto de Bissau que vinham desenvolver actividades comerciais, quando se verificou, depois, que, de facto, tinham "outras intenções", assinalou Saico Djaló.
De acordo com o chefe operacional da polícia guineense, os indivíduos anunciaram que iriam residir em hotéis, quando, na realidade, viviam em casas alugadas nos subúrbios de Bissau, concretamente no bairro de Antula Bono, na zona leste da capital.
Inicialmente, os candidatos à imigração, chegados ao país de avião, afirmavam às autoridades de Bissau que vinham como comerciantes, obtendo o visto de permanência à entrada, havendo casos de alegados empresários que afirmavam estar envolvidos no negócio do caju, cuja produção é, tradicionalmente, exportada para a Índia.
Segundo a polícia, os suspeitos entravam, primeiro, em pequenos grupos de cinco a seis elementos e, mais tarde, com 30.
No entanto, o governante guineense não explicou a forma como os suspeitos pretendiam abandonar o país em direcção à Europa.
Alertada pelos populares, que consideravam "anormal" o facto de várias pessoas de ascendência asiática estarem a habitar a mesma casa em condições "infra-humanas", a polícia interveio com a ajuda do Exército.
Na operação foram capturados documentos e recolhidos depoimentos dos integrantes do grupo, realçou Saico Djaló, que acrescentou: "facilmente se percebeu que são candidatos à imigração ilegal, com destino à Europa".
"Alguns dos jovens do grupo, com idades entre os 20 e os 23 anos, disseram-nos que foram enganados pelos «cabecilhas», que lhes garantiram que seriam levados para a Europa contra o pagamento de dinheiro", disse Saico Djaló, que não especificou o montante.
Os "cabecilhas" do grupo seriam um paquistanês, um indiano e dois guineenses, todos também detidos e já sob custódia da polícia, precisou o responsável governamental, que não adiantou os nomes.
Instado sobre a situação actual dos restantes elementos do grupo, Saico Djaló disse que se encontram em regime de residência vigiada na casa onde habitavam até serem descobertos pela polícia.
Sobre a possibilidade de uma acção de repatriamento, afirmou que o governo ainda não tomou qualquer medida nesse sentido, não adiantando sequer se tal será discutido em breve.
No entanto, Saico Djaló considerou que existem "organizações mafiosas" que estão a aproveitar-se do facto de a Guiné-Bissau ser um país com "fronteiras vulneráveis" para entrar com candidatos à imigração clandestina em direcção à Europa.
"Não temos ciúmes de outros países que estão a contar com os apoios logísticos da Europa, nomeadamente da Espanha, como são os casos de Cabo Verde, Senegal, Mauritânia ou Marrocos, mas nós não temos apoios nenhuns nessa tarefa difícil que é o combate à imigração clandestina", afirmou Saico Djaló.
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