13.12.07
ALEMBANE – dois mundos
Acorda-me o coração, descompassado. Cheira a coentros e a maresia. Onde estou? Casas baixas, pintadas da cor que calha. Mas pintadas. Casas autênticas de gente que, tal como no meu país, mesmo não tendo dinheiro para comida o arranja para a cal.
Inhambane, a mais cuidada e bem conservada cidade de Moçambique. Uma baía que a abraça entre o amarelo da areia na maré-baixa e o turquesa do mar, 6 horas depois. Maxixe que a observa, de frente, para não a deixar fugir… Dow’s (barcos à vela) que lhe dão um movimento ondulante e cadente, como toda a harmonia que aqui existe. Gente simples que, nos intervalos da desgraça que é, por vezes, a vida de africano, apara relvados, planta roseiras, tapa buracos e poda árvores. Quanta excelência, que demorei tantos anos a conhecer.
Muita-terra-muita-terra
Inhambane tem passeios finos, cheios de lisuras como poucas (nenhuma?) cidades de província em África. E uma estação de comboio. Já não há silvos de partida nem travagens de chegada, mas acredito que na estação ainda existam – pelo menos pelo menos – um chefe e um factor, que na ausência de horários a cumprir e agulhas para trocar, vão mantendo brancas as paredes, para iludir a locomotiva no dia em que tornar a passar. Até os carris, que reluzem ao luar, parecem ser encerados de quando em vez.
Um delta de Campo-Maior e uma 2M do Maputo. O melhor de dois mundos
Inhambane: conhecê-la é sucesso a celebrar o resto da vida
Num banco de madeira vermelha ou de cimento caiado, na marginal, apetece ficar, no mínimo, todos os restantes dias do mundo a ver passar… dow's (ou serão navios?)
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2 comentários:
Pena se um dia, nessa terra as pessoas se esquecem como se diz "potato" em portugues.
Há quem diga que está para breve.
Nesse caso não terá valido o esforço.
Que bonito...parece um bocadinho de um Alentejo tropical... Se o Alentejo fosse tropical seria assim! E ainda por cima com a Delta aqui ao lado e aí tão longe!Uma maravilha, para os que têm a sorte de viver estes sítios!
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