21.4.08

NOITES DE BAMAKO

São como as noites quentes de Julho no meu país. Com uma diferença: em Bamako é Julho todo o ano.

As noites de Bamako não têm luas cheias nem palavras de poetas que as tornem românticas. Têm, apenas, soleiras de porta, cadeiras dispostas e gente nelas sentadas, de pernas estendidas. E sons perdidos, de koras, balafons e djembés que a refrescam e tornam mais ligeira.

Na varanda onde durmo, vejo a cidade de cima. Telhados de zinco, ferrugentos de pouca água e retorcidos de muito sol. De olhos fechados, escuto serenatas nocturnas, cantadas em bambará pelos vizinhos. Delicio-me com o cheiro das 2 da manhã. E adormeço embalado por todo esse mundo que o Harmattan transporta, desde o Sahara, e docemente me faz entrar pelos buracos da mosquiteira: areia, pó, calor e teimosias tuaregues.

1 comentário:

história e arte disse...

Viva Jorge!

parabéns pelo blog, pela belissima escrita...

hei-de cá voltar!!