Estalou a polémica entre a Bélgica e o Congo (RDC). De acordo com ESTA NOTÍCIA o ministro dos Negócios Estrangeiros belga declarou há uma semana “estar em condições morais de criticar as autoridades congolesas, uma vez que existe má gestão dos dinheiros públicos e violação dos Direitos Humanos”. As declarações estão a ser interpretadas de diversas formas. AQUI, por exemplo, afirma-se que Karel De Gucht terá evocado um “direito moral” do seu país sobre o ex-Zaire.
A bronca já levou Kinshasa a chamar o seu embaixador em Bruxelas e ao encerramento do seu consulado em Anvers. O governo congolês lembrou entretanto que “a RDC é um país independente, soberano e que não reconhece, por isso, a nenhum outro país um pretenso direito moral sobre ele”.
Não escutei as declarações do MNE belga e por isso não conheço o sentido das suas afirmações. A ser verdade que as suas palavras foram no sentido de afirmar um direito moral (no sentido de "histórico") da Bélgica sobre o Congo, estamos face ao típico paternalismo das antigas potências coloniais para com os seus bebés. Portugal e França fazem-no exemplarmente.
Se, por outro lado, as declarações de Karel De Gucht foram no sentido de afirmar um direito moral (no sentido do conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas) para criticar a má gestão, a corrupção e a violação dos Direitos Humanos, então não vejo problema algum nas declarações do MNE belga. Assiste-lhe tal direito, uma vez que a Bélgica, enquanto país democrático e respeitador dos Direitos Humanos, tem perfeita autoridade para criticar. E aqui poderíamos traçar um paralelismo com as declarações de Bob Geldof, há dias em Lisboa. Os autoritários e corruptos governos e governantes africanos não gostam de ouvir verdades e reagem a elas violentamente, quando o que deveriam fazer, para evitar escutar o que não querem, era governar num quadro de transparência e de respeito pelo bem-comum dos seus cidadãos. Em África isso raramente (nunca?) acontece.
24.5.08
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