4.7.08

OS PAIS FUNDADORES

Há uns anos atrás, por ocasião de um curso consagrado aos Estudos Europeus sugeriram-me a leitura do livro Os pais fundadores da Comunidade Europeia, de António Ferreira Gomes (ed. Quarteto, 2001).

Nele o autor coloca em evidência o papel de cinco personalidades – cinco visionários, cinco homens de uma lucidez política arrepiante – que estiveram na origem desse espaço de paz, justiça e liberdade que é, hoje, a União Europeia.

Os cinco "pais" escolhidos por Ferreira Gomes foram Jean Monnet (1888-1979), Robert Schuman (1886-1963), Alcide de Gasperi (1881-1954), Konrad Adenauer (1876-1967) e Paul-Henri Spaak (1899-1972).

Vem esta conversa a propósito da ideia de Khadafi e companhia de criar os Estados Unidos de África. Tendo a última Cimeira da União Africana sido dominada pelo Zimbabué, o projecto “Estados Unidos de África” passou despercebido à comunicação social. Mas a “coisa” parece que foi debatida pelos líderes presentes, de acordo com este site gabonês.

A ideia, que em teoria poderia trazer um novo alento e esperança a muitos países africanos, peca num aspecto: os líderes envolvidos não são visionários nem politicamente honestos, como o foram os pais da UE.

Aos 19 países envolvidos (Libye, le Sénégal, la Gambie, la Guinée-Bissau, le Liberia, le Mali, le Niger, le Bénin, le Togo, le Tchad, le Soudan, la République centrafricaine, le Gabon, les Comores, le Sierra Leone, Sao Tome et Principe, la Guinée équatoriale, la République de Guinée et l'Egypte) falta ainda muita coisa para um dia se poderem agrupar numa União política, comercial. Pais, pais dos verdadeiros, daqueles que amam os filhos, é uma das coisas que lhes falta.

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